Ode A Um Poema Morto

 Eduardo Valente

Quando o vi assim caído

Numa esquina, não sei onde

Todo sujo e corroído

Tudo a nada reduzido:

 

"Era aquele o poema

Que escrevi ano passado

Num instante de euforia

Com esmero e com cuidado".

 

Mas agora, na sarjeta

Exalava só tristeza

Todo assim, tão sujo e torto.

 

E na chuva que caía

Foi-se embora na água fria

Este meu poema morto....