Desejo

 Eduardo Valente

Olhe para o céu

e diga-me o que vê.

São bombas, caças

nuvens radioativas e letais ?

Eu vejo no céu nublado o azul

que aparece num momento de descuido

e vejo a ave que reluta em pousar

desafiando as mais antigas leis.

Olhe para o céu

e diga-me o que vê.

Alienígenas mancos

de alguma guerra inglória ?

Vampiros em fúria ?

Meteoros do além ?

E eu ? Vejo uma réstia de sol

que anuncia a noite breve e doce.

E a estrela cadente

riscando o oriente

numa corrida efêmera.

E desejo que a fobia seja folia

e a paz seja rainha

no coração dos homens.

Porque eu olho para o céu

e digo-lhe o que vejo...