Uma colisão de coincidências nos fez encontrar o filhote num parque perto de casa e, menos de 24 horas depois, já era nosso, com a obrigação de cursar um treinamento de obediência para filhotes. Estranhos estes canadenses...

Era nosso sétimo cachorro, mas os outros foram labradores e boxers, raças muito diferentes de um husky. Aos poucos, fomos descobrindo o quão diferentes...

O bichinho parece possuído. Tem uma energia que nem dois Kilis ( meu labrador eterno ) tinham nos seus melhores anos. Tem uma resistência que não vejo a hora de chegar a neve e colocar o bichinho para puxar trenó. Ama a liberdade, correndo feito um condenado. E é teimoso. Muito teimoso.

 

Procurando saber mais sobre a raça, vi que os huskies siberianos são uma raça muito próxima dos lobos. Primitiva mesmo. E, porisso, acabam em alguns momentos, se comportando mais como lobos do que como cachorros. Com uma matilha composta, na sua maioria, de humanos.

Hoje, voltando da escola ( minha filha fez questão de mostrar o filhote para os amigos ), pus-me a refletir sobre dois conceitos que aplicamos a cães: o de mestre e o de alfa.

Aqui em casa, eu sou o mestre do Spok. Sou eu que ele obedece, mesmo contra a sua vontade. Sou eu que ele não tenta morder e o único que ele não desafia. Mas eu não sou o alfa. Este posto, muito mais especial, é ocupado pela Bia.

O mestre ocupa o espaço do gerente, do chefe, nas matilhas humanas. O alfa é o líder, o cara pra quem a gente olha quando as coisas não estão tão bem ou quando queremos alguém para compartilhar uma vitória. Chefe é mais liga-desliga. Fora do ambiente de trabalho, não há chefes ( exceto as esposas, mas isto é assunto pra outra conversa ).

O mestre comanda e pune. O alfa, nós queremos atendê-lo, mesmo antes dele pedir. O mestre está chefiando. O alfa simplesmente é.

 

Confesso que tenho um pouco de ciúmes da minha pequena alfa, com seus dez anos, mas já fui alfa de outros cães em outras oportunidades. Então, resolvo meus afazeres como mestre e curto a paixonite do filhote, por vezes ciumenta, pela alfa da matilha.

 

O que se leva desta reflexão para gestão de equipes é simples. Se você quer que te obedeçam, seja um mestre. Mas se quer mais que isso, que te sigam, mesmo quando o caminho é tortuoso, seja o alfa da tua matilha.

Você vai se espantar ao perceber o quanto o trenó fica mais leve para puxar...