- Coisas da Fé
- Um Dedo de Prosa
- Júbilo
Tempos atrás, saímos em viagem e nossos filhos ficaram com meus pais. Não era uma viagem longa, mas quatro ou cinco dias longe, para aqueles dois, é uma eternidade.
A Bia, com quatro anos, nos perguntava toda vez que ligávamos, quando iríamos voltar. Das outras vezes, queria saber se já tínhamos comprado toda a lista de presentes que ela tinha feito mas, desta vez, sua única preocupação era quando voltaríamos.
Já o Arthur, com menos de um ano e meio, ainda não consegue expressar suas emoções através da fala. Então, tatibiteia algumas palavras, faz birra, chora e tudo o mais que ele consiga para expressar que algo não está bom para ele.
De volta de viagem, fui recebido com uma alegria absurda pela Bia, já esperada, mas foi o Arthur que me pôs prá pensar...
Ele pulou no meu colo e ficou simplesmente olhando para mim, numa expressão de puro júbilo, como se não acreditasse que aquilo estava acontecendo. De tempos em tempos, dava uma risadinha, passava a mão no meu rosto como se tentasse dizer: "você está aqui!"
Não consegui evitar de pensar no que deve ter acontecido naquele primeiro Natal, quando os pastores e os reis, uns por anjos e outros por estrelas, foram avisados de que Aquele há tempos esperado estava finalmente aqui.
Não sei se a cara deles ao ver aquele menino, numa manjedoura, envolto em panos, foi a mesma do Arthur. Se fosse eu, certamente seria.
O fato é que, conforme a gente cresce, acabamos por perder esta sensação de "maravilhamento" que deveríamos comemorar no Natal. Não é presente que deveríamos desejar, não é a mesa farta, é Deus Conosco.
É aquela sensação de promessa cumprida, é aquele momento de puro júbilo, é aquela coisa de que, naquela hora, nada é mais importante que Você aqui.
Neste Natal, meu desejo para você é que tenha a mesma sensação que o Arthur teve quando eu voltei. Uma felicidade igual à dos pastores que viram os anjos cantando no céu. Uma alegria genuína de estar com quem você ama.
Porque Natal tem que ser assim.