- Coisas da Fé
- Um Dedo de Prosa
- Esses Dias
Eduardo Valente
Estes dias, pus-me a lembrar de minha vó Luiza, a mãe da minha mãe.
Nos tempos de faculdade quando, nos fins de semana, ia a pé da rodoviária até em casa, no Jardim Sandra, ao virar a esquina sempre via aquele rostinho esperando por mim, sentadinha no sofá da casa do meu tio.
A posição, logicamente, era estratégica para que ela fosse a primeira coisa que eu visse ao dobrar a esquina e lá ia eu gastar uns bons minutos pondo-a a par da minha semana. Não raro, acompanhado de um café com pão fresquinho.
O tempo passou e minha vó hoje está junto do vô Elpídio, lá no Céu, mas alguns ensinamentos disfarçados de costumes permanecem: toda vez que vou visitar meu tio Helinho e minha tia Laura, dou uma olhadinha se aquela carinha ansiosa está lá.
Hoje é domingo de Páscoa e outros fatos nos vêm à lembrança. O principal, o sacrifício na cruz, mas vários outros, relacionados com este período, como os acampamentos lá no Recanto da Amizade, os corais e cantatas que preparávamos e todos, sem exceção, podem ser resumidos numa palavra: família. Pensou que era salvação? Que era ovo de páscoa? Pois é... Cada um tem suas conexões. Eu, sempre, relacionei a Páscoa com família.
E minha vó? O que tem a ver com isto?
Sabe aquele rostinho ansioso, esperando que a qualquer momento você apareça, confirmando que voltou ao lar? Então. Tem um Deus com um rostinho mais ansioso ainda esperando te ver.
Pode ser numa oração ou do jeito que você quiser. E, do jeito que for, você verá que haverá um rosto bondoso esperando só prá te ver.