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- Oficina de Musicalidade 06 - Música Coletiva
Chegamos à quebra da individualidade. Agora, não é só você, e é preciso tomar noção de que outros estão no mesmo barco.
Se não remarem para o mesmo lado, podem acabar caindo numa cachoeira. Se remarem direito, serão campeões da regata!
Material Disponível
Temos vocalistas, instrumentistas, aparelhagem, acústica do local, diferentes gênios. Tudo deve ser utilizado visando a produtividade. O problema é que isto não é fácil! Existem tantos fatores em jogo que a perfeição é algo difícil de atingir. Quem toca ou canta em um grupo musical sabe como é raro o momento em que paramos e constatamos que daquela vez a música “saiu”!
Vamos ver alguns elementos que têm importância enorme no resultado final, e que algumas vezes são deixados de lado...
Convivência
Como é complicada a convivência num grupo! Quantos grupos não acabam por atritos entre integrantes. É necessário que seja bem tratado este assunto, sempre cada um tomando conhecimento da individualidade dos demais.
Trabalhe muito em seu grupo a convivência. Extrapole a barreira do ensaio. Algumas vezes, ao invés de ensaiar, vão tomar um sorvete ou praticar algum esporte juntos. Assistam filmes e sobretudo, conversem, conversem, conversem. Música é informação, e qualquer informação é valiosa para a sua música.
A palavra sinergia vem a calhar neste momento. Significa que a soma das partes é maior que o todo. Significa que um grupo sinérgico chega mais longe. Significa que é estimulante cantar em grupo, significa que juntos, podemos fazer coisas que duvidamos e que sonhamos também.
É preciso então que a individualidade de cada um dê espaço ao todo. Se eu, peça, não estou encaixando bem, é preciso polimento, quem sabe até uma lixa mais grossa. É preciso amor, coisa que falta em muito grupo...
Atenção, grupos de louvor, não vão embora, porque ainda vamos falar especialmente sobre vocês...
Proposta do Grupo
Tocar por tocar não existe. Todo grupo tem sua proposta. Pode ser dirigir festinhas de adolescentes, reclamar da injustiça social, incitar a rebeldia, ganhar dinheiro e, no nosso caso, louvar a Deus.
Verifique com seu grupo se a proposta está bem definida e o que cada um pode fazer para contribuir. Divirta-se bastante, porque trabalho a sério não implica em trabalho sério. Coloque metas e esforce-se em ultrapassá-las. Com isto, seu grupo não perde o viço...
Defina sempre propostas além de um patamar esperado, mais do que esperam alcançar, porque aí está o sabor da música. O desafio deve estar presente em cada nota, senão esta não serviu para nada. Se o desafio individual já é complicado, imagine em grupo...
Reavalie a proposta a cada momento. Tomar novos rumos nunca é sinal de abatimento, mas de tentar acertar. No entanto, se quiserem esmurrar ponta de faca, fiquem à vontade, pois a música é isto também. A música só não é apatia, nunca!!!
Que tal se a proposta de hoje fosse cantar música caipira? E para amanhã , ou no próximo ensaio ou encontro, reggae? Desafiem-se!!!!
Esquema de Palco
Sempre que fazemos música, seja cantando ou tocando, dependemos de um espaço físico. Nada mais inteligente do que pensar um esquema para que o som seja assimilado da melhor maneira possível. A posição dos instrumentistas, vocalistas, regente (no caso de um coral), a roupa que usa, a luz que incide, tudo isso contribui para que você tenha dores de cabeça na hora da execução da música, caso não tenha previsto isto antes.
Trabalhe com varios esquemas até encontrar o ideal para seu grupo. Varie o esquema conforme a música. Pode ser a diferença entre música rica e música pobre.
O exercício da musicalidade aqui atinge um momento crítico: a emoção precisa dispor-se no espaço físico. O som precisa raciocinar para ir mais longe e continuar com a mensagem original.
Entramos na parte técnica. Estude som, teste esquema alternativos, imagine esquemas ousados. Afinal de contas, ninguém espera uma bateria do lado de fora, ou um pau de chuva tocado em algum lugar que ninguém sabe, mas todos ouvem...
O inesperado é aliado quando o é para a platéia. Nunca para os músicos. O som preparado, e aqui cabe o improviso, que não significa de sopetão, é sempre melhor que o despreparado, seja qual for a qualidade do músico. Treine, pratique, treine e pratique.
Mais um detalhe: não é preciso que todos cantem sempre todas as músicas. A música sabe o que pede se prestarem atenção nela. E algumas vezes ela diz: violão, nem pensar (para tristeza minha...). Ou pior, às vezes ela pede um violino, ela implora de joelhos por uma flauta transversa e nós não os temos, e ficamos com nossos violões, nossos pianos e nossas baterias a escutar lamúrias desta mesma música, mas, o que podemos enfim fazer, senão tocar?
A Prática Leva à Perfeição
O maior problema que encontramos aqui é a falta de tempo. Como estamos num grupo, é preciso conciliar vários horários e várias prioridades. O que eu posso aconselhar é: aprimorem-se individualmente e interpretem fazendo uma imagem mental de sua banda tocando junto, mesmo que você esteja sozinho no seu quarto. Escutem-se mutuamente durante os ensaios e amem o que estão fazendo. Sem dedicação, nunca o resultado é satisfatório.
Oficina
Sente com seu grupo e repense a proposta do grupo. Veja o que cada um pode fazer para contribuir cada vez mais para o grupo. Escreva num papel e guarde-o num local para que daqui a um ano todos possam, numa ocasião especial, relê-lo e lembrar dos sonhos antigos.
Dica: não se contente com pouco!...