Oficina de Musicalidade 04 - Quem Tem Ouvidos ...

A terceira pessoa da nossa trindade é a mais comum. Todos somos. Não é preciso prática nem tampouco habilidade.

Os compositores o são, assim como os intérpretes. Desde o útero materno até, quem sabe?, muito depois de ir para o caixão, ouvimos. São tons distantes, são tons que chamam e que nos acompanham dia após dia, durante nossa viagem vitalícia.

Então fica por isso mesmo, e estamos discutidos? Não... Este ouvinte de que vou falar é centrado na musicalidade, não na música. E como é importante este ouvinte. Sem ele, para que seria a música? Para onde iria o som, se ninguém pudesse ouví-lo? O ouvinte é a Roma de todos os sons. A ele então:

Quando se ouve música, é a emoção chegando ao seu destino, que fora traçado antes do próprio som. E o som virando sentimento, é a musicalidade encontrando razão de ser.

E aquela lágrima que escolhe dos olhos da menina que escuta a serenata feita para ela? É emoção transbordando, porque a música chegou em tão bom estado que teve de expulsar algumas lágrimas pelo caminho para caber dentro de você.

“Caríssimos ouvintes, obrigado, pela atenção a mim tão dispensada. Nossa programação termina agora, mas de teimosa, volta amanhã!”. Assim Milton Nascimento terminava seus programas de rádio. Para quem gosta de aromas exóticos e gostos novos, prove da música, de países longínquos. No momento em que escrevo estas linhas, estou a escutar José Carreras, cantando “With a song in my heart”. Agora vem Plácido Domingo cantando “Granada”. Antes era Djavan.

Deus deu a poucos o dom de escutar a música de um modo especial, sentindo a vida pulsando em cada nota. Mas fique tranquilo. Há muito mais de onde veio, é só pedir para Ele....