58 - Aprendizagem

Não basta ser pai, tem que participar. Tem que introduzir os pequenos na sagrada arte da caça. Somos labradores. Donos da terra e da água. Tudo que existe é para servir de caça para nossa raça. Bem... nem tanto, mas foi deste jeito que eu comecei a tal conversa com o Marley e a Nina.

E não é que os dois caíram feitos patinhos? Eu não tinha descanso! Eles queriam discutir o efeito do vento no salto do esquilo para ver se davam o bote com rabo esticado ou torcido prá direita. Queriam que eu demonstrasse como tocaiar um jacu enquanto mantinha uma manga na boca. Queriam que eu mostrasse a diferença entre uma mordida de noite e de dia. No fim do dia, meu saquinho estava explodindo...

Chegou a noite e o Marley foi o primeiro a fazer o grande teste. Voltou com uma cobra coral ( falsa! Ufa!! ) de mais de um metro na boca, parecendo um bigodão. Foi um banzé em casa, com meus donos ligando para os amigos tentando descobrir se a cobra era ou não venenosa. Sorte do Marley que não era, senão nossa matilha já seria de cinco e o Zeca viria pedir prá entrar de novo...

Daí foi a Nina. Que bicho ela elegeu para caçar? Um ouriço. É, devia ter botado mais medo nela... Resultado? Uma da manhã e o Gustavo veterinário chegando para tirar os espinhos da boca, da pata, da orelha, de tudo quanto é lugar que aquela tonta resolveu utilizar para "exercitar seus dotes de caçadora", usando as palavras da própria Nina...

Decidi para de fazer testes, declará-los caçadores maravilhosos e torcer que parem com esta bobagem. Principalmente a Nina, que o máximo que deve caçar seja seu pote de ração.