Eu gosto de voar. Gosto muito. Mas não de avião ou asa delta. Gosto de voar como os pássaros. Aliás, devo gostar mais que os pássaros, já que eles conseguem voar e eu, mesmo sabendo nunca poder voar como eles, gosto de voar assim mesmo.

Sonho de menino, sempre me imaginei voando em um balão. Pelo silêncio, pela calma e pela aventura que parecem inerentes a um vôo de balão. Quando me mudei para a chácara Mahassé, onde vivo atualmente, não eram raros os dias em que era ( e sou ) acordado pela manhã com o barulho característico do maçarico do balão, fazendo meus cachorros latirem como loucos. Rapidamente me levantava, vestia alguma coisa e, com a câmera na mão, tentava tirar algumas fotos do belo bichinho voador.

Quando apareceu a promoção da Phito Fórmulas, onde você dizia o que você poderia fazer por uma cidade melhor, não perdi tempo e me inscrevi, falando sobre a minha orientação do TCC da faculdade Uirapuru. O prêmio? Adivinhem... Um passeio de balão!

Minha felicidade não cabia em mim quando a Juliana, da Phito Fórmulas, me ligou perguntando se eu estava disponível para um passeio de balão no dia 16 de agosto. Foi um dos SIM! mais rápidos de toda a minha vida. Recarreguei a bateria da câmera e me preparei para acordar às cinco da manhã e estar às seis na Phito.

No dia anterior, uma ameaça de chuva e aquela preocupação de que não voasse. Só ameaça... Domingo amanheceu ensolarado e com quase nenhum vento. Um domingo perfeito para tornar sonhos em realidade.

Cheguei lá e já estavam os outros que iriam passear comigo: o seu Dito, a Maria e a Neuza. Dois outros acabaram não indo e duas meninas da Phito não perderam tempo e aproveitaram para passear de balão naquele sábado ensolarado.

Finalmente, após uma palestra curta, fomos para o São Paulo Center, uma escolinha de futebol à beira do rio Sorocaba. No gramado, o balão foi desdobrado e inflado com a ventoinha, um ventilador muito potente que enche o balão com ar frio. Entramos dentro do balão para tirar fotos e em pouco tempo o bicho estava todo cheio e pronto para voar.

Mais algumas instruções do comandante Ricardo e todos prá dentro da cestinha. Muito tranquilamente, o balão foi subindo, subindo e, vagarosamente, entrando na cidade. Primeiro por cima da Sorocabana, onde tirei fotos de minha antiga escola, o Matheus Maylaski, depois entrando pelas ruas conhecidas onde as pessoas ainda sonolentas acenavam para a gente, cem metros abaixo.

Afonso Vergueiro, Terminal Urbano, Sete de Setembro, Eugênio Salerno, Rua Amazonas ( a rua do meu escritório, devidamente fotografado ), General Carneiro... Sorocaba acordava uma centena de metros abaixo. Em parte, devido ao dia, quase oito da manhã e, em parte, devido a todos os cachorros alucinados que delatavam nosso tranquilo passeio.

Saimos da cidade e agora via-se o sol da manhã se refletindo nos prédios, proporcionando muitas fotos belíssimas. Passamos a rodovia Raposo Tavares e, a partir de agora, abaixo de nós somente mato e pastagens. Era a vez de galinhas, gansos, ovelhas e vacas fugirem desesperados daquela coisa grande e esquisita lá em cima no céu.

De repente, já para o fim do passeio, o Ricardo me pergunta onde moro e digo que é por ali. "Se o vento deixar, vamos tomar café na sua casa, ok?" Liguei para a Mon, que acordou assustada e já queria fazer o café.

O vento nos levou a cerca de dois quilômetros de casa ( o que é bastante para ir a pé e tomar um cafezinho ) e, perto do Haras Monte Cristo, pousamos em uma plantação de milho já colhido depois de mais de uma hora de vôo. Os carros de apoio chegaram e começaram a desmontar o balão.

Claro que, em todo passeio de balão decente, não pode faltar champanhe! Providencialmente, aparece um kit com champanhe e tacinhas e lá vamos nós comemorar o belo dia!

Voltei realizado para a Phito Fórmulas onde a gente ainda deu alguns depoimentos, tiramos algumas fotos e, felizes, voltamos para a casa.

Como já escrevi há algum tempo atrás, para algumas coisas é preciso experimentar. Ainda mais quando é a realização de seu sonho de garoto.

Bons ventos prá vocês!