Rally a Pé - Ribeirão Pires - Castelo de Róbson Miguel

28 de outubro de 2000

Desde o convite da Monserrat para este tal de rally a pé, eu fiquei pensando como seria. Conceitos como regularidade, planilhar, PCs, etc. não faziam parte do meu vocabulário diário. Quando eu soube que o grupo do qual eu iria fazer parte chamava-se Penélope Radical, fiquei com a pulga atrás da orelha... Afinal de contas, o que um homem estaria fazendo num grupo com este nome? Vamos ao mico:

Cheguei na casa da Monserrat por volta de três da tarde e fomos rapidinho para a casa da Yeda, a fim de esperar o resto da trupe, que foi logo chegando: Erika Alagoana e Cláudia Baiana completavam com a Yeda Pernambucana o trio nordestino. O Leandro (não é Leonardo!), que nos encontrou no supermercado era natural de Goiânia e com o caipirão sorocabano aqui tinha por incumbência zelar pela sanidade física e mental das meninas... Machismos à parte, era uma tarefa árdua...

Ainda no supermercado, o tempo foi fechando e aquela garoinha fina foi caindo, esfriando as esperanças de termos uma prova seca. O Leandro, que não tinha lanterna, foi logo comprando uma e se gabava a todo instante da lanterna a prova d’água dele. Deixa estar...

E toca prá Ribeirão Pires, que a gente ainda estava longe e não sabia ao certo o caminho... Após algumas gafes da navegadora (co-pilota!) Yeda, chegamos ao tal castelo. Bem , chegamos por assim dizer, porque o que é de Leandro e Yeda, que ficaram no outro carro? A duras custas, conseguiram nos convencer que erraram ao entrar num hotel (é hotel, não motel, corrigiu a tempo a Mon...), um pouco antes da entrada correta.

Equipe completa e toca ouvir a preleção do Bene, organizador da roubada. Ele falava, falava e falava, e eu só na moita, na minha posição de turista de rally, sem entender direito ainda o que ia rolar...

Perto da gente, na mesma sala, as demais equipes todas ali. Algumas fantasiadas ( a mais lgal era a das marcianas!) outras nem tanto, mas todos preparados para curtir... embalados de sábado à noite!

A etapa era noturna, para combinar com o Halloween próximo, ambientada no castelo de Robson Miguel. Este tal de Robson, violonista de primeira, tinha (tem? ele é vivo? ou foi um dos fantasmas?) uma fissura por castelos e violões. Juntou as manias e construiu um castelo, com tudo que tem direito, em homenagem ao violão. Longe de ser brega, um verdadeiro barato! Pitoresco por assim dizer, tem desde passagens secretas dos escravos até uma caravela pirata! Um balaio de gatos, com muito orgulho, sim senhor!

Saímos exatamente às 21:16, isto depois de a Monserrat pintar o cabelo de todo mundo, tentar botar máscara, enfim, caracterizar a galera! O cabelo ficou com umas mechas vermelhas, mas as máscaras ficaram no carro mesmo...

A primeira parte foi toda dentro do castelo, passando por passagens secretas, túneis, escadas e “Oh! Não” gritava Érika, uma pirambeira!

Ela, que até aquele momento estava tranqüila, curtindo o roteiro, ficou branca, amarela, amuada e emburrada. “Eu não gosto disso, não gosto mesmo”. A descida de um barranco nem tão inclinado assim e a perspectiva de uso de cordas a faziam suar frio: “Pôxa, gente... Eu só vim por que a Mon me convenceu, mas isso não é pra mim...”. No final das contas desceu, mas o bico ficou por mais algum tempo...

Toca voltar para o castelo e sair de novo, pegando as estradas de terra que cercavam o castelo. Cruzamos uma rodovia, subimos por uma ruela e ao passar por baixo de uma ponte, uma voz quase fantasmagórica, bem baixinha, anunciava: “PC,PC,PC...”. O fantasma do testa-de-ferro do Collor, engoliu em seco a Cláudia... Não! Era o primeiro PC, ou Posto de Controle, quietinho atrás de um pilar da ponte, cascando de dar risada da nossa cara!

Prá matar o bicão da Érika, resolvemos cantar “Você é Luz”, do Wando, bem-lembrando a lanterna de cabeça que a alagoana trazia na cabeça e que por sinal era a única lanterna ligada no momento...

Depois de muita estrada, era hora de encarar o mato. O detalhe era saber onde, afinal de contas, estava a trilha correta. A Mon, de marca-passo (não é o que vocês estão pensando... é uma maquininha onde ela vai contando os passos... dãããã... pedômetro é o nome chique!) já não sabia onde estava, preocupada em discutir com a Érika se esta ia ou não na próxima etapa e se ela queria voltar ao início... A Érika, irredutível, falou que ia até o final. E lá vamos nós... Destruindo uma plantação de pobres couves que insistiam em surgir sob nossos pés!

Nada de achar a entrada! Eu vi umas lanterninhas brilhando lá e fui atrás. De repente achei uma das fitas que demarcavam a trilha e gritei pro resto do pessoal. E toca a galera seguir pelo mato. Trilhas e trilhas depois, mais um PC, mais um rumo errado e chegamos a um lugar chamado de... como é o nome mesmo? É algo do tipo reinicialização, zona segura, ponto zerado... Não me lembro... Enfim, é um lugar com algumas pedras, onde tinha uma prova especial com bússola (que fizemos tudo errado), e de onde a trilha continuava zerada. (A tempo: a Yêda me disse que o nome destas paradas é “neutralizada”. Ô gente esquisita...)

Descobrimos que tínhamos perdido um PC e que já era quase meia noite! O tempo passava voando por estas paragens...

Trilha zerada (neutralizada!!!!) e lá vamos nós! Começamos e a lanterna do Leandro morreu de vez. Acho que molhou com o sereno, ou sei lá, pilha fraca... A gente tentou arranjar alguma desculpa, algum consolo para a lanterna novinha que já tinha pifado, mas de nada adiantou! O garoto seguiu o resto da trilha meio cabisbaixo...

De repente, na contagem dos passos, a Mon feliz da vida porque os passos deram exatamente em cima de um PC e não é que ouvimos dele as palavras fatais: “Eu sou o PC do erro...”. Vontade de esganar o maledeto não foi pouca, mas decidimos seguir em frente, mais perdidos que nunca!

O tempo fechava, ameaçava abrir, começava a garoar, esfriava, abria de novo e as penélopes e os tiões gaviões ali, tentando descobrir qual era o caminho a seguir. Tinha provas do tipo “siga 320 metros em passo rápido nesta direção” e lá fomos eu e a Monserrat encontrar-se com quem? O PC do erro! Só que agora, por obra de alguma boa fada, já não era mais o do erro e assinou nosso Log-PC-book.

Chegamos em mais um restart (eu ainda vou aceitar o nome destas neutralizadas...) e desta vez tinha banana com vinho quente! Boa mistura para uma da matina!

A trilha quase terminando, após mais algumas subidas e descidas chegamos na estrada e lá, vendo a entrada do castelo próxima, e ainda alguma trilha prá seguir, o Leandro e a Érika precisaram abandonar o barco, por motivos trabalhísticos, disseram eles. Sobraram três penélopes e um tião, que seguiram em frente.

Toca subir barranco, andar por um terreno cheiaço de barro, tentar não levar nenhum escorregão, passar pelo nosso primeiro PC virtual, porque o primeiro a gente tinha perdido e retornar ao castelo, para a última parte da prova.

No finalzinho, depois de algumas passagens secretas, ainda deu para salvar a Monserrat do pelourinho e ver o Bene, que era aniversariante, tomar um caldo de presente... no laguinho do castelo.

Fim de prova, vinte para as três da manhã, todo mundo meio cansado, as meninas dizendo que a etapa não tinha sido tãããão cansativa quanto as outras e toca voltar prá casa. Chegamos em Sampa lá pelas quatro e eu em Sorô cinco e pouquinho da manhã.

Mas valeu! Divertidíssimo! Nada como uma desculpa prá rever amigos e se acabar de tanto dar risadas das mancadas que todos, sem exceção, davam. Feliz Halloween, penélopes!