PETAR – bate-e-volta prás cavernas

15 de novembro de 2001

A idéia era simples: curtir um dia nas cavernas do PETAR – Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira. Um bate-e-volta de um dia, sem se preocupar com barracas e demais itens de uma pernoite.

Convidados pela Quinta IPI (Igreja Presbiteriana Independente) de Sorocaba, a gente não pensou duas vezes e lá vão dezenove pessoas junto: Eu, Monserrat, Ednei, Eliel, Patrícia, Juliana e Gabriela, Bruna, Saulo e Cilene, Odenir, Juninho e Daniele, Dandã, Daniel, Totó, Fernanda, João e Eric. Algumas nunca tiveram contato com cavernas antes, outras, algum, mas todas estavam ansiosas para aquele passeio.

Saímos meia-noite e meia, depois do Brasil se classificar para o Copa do Mundo de 2002 e lá se foram quase sete horas de viagem até a entrada do Parque.

O tempo resolveu virar e chegamos com uma garoa fina e um pouco de frio, nada do que esperávamos, mas... já que estávamos ali... vamos passear, né? Todo mundo com “roupa de guerra”, descemos a estrada até o quiosque onde pegaríamos o capacete para nossa aventura.

O grupo foi dividido em dois, um iria até a cachoeira das Andorinhas e faria a caverna Água Suja; outro faria as cavernas Santana, Morro Preto e Couto. Ficamos no último grupo e lá fomos nós para a primeira caverna: a Morro Preto.

A caverna tem uma abertura bem legal, com aquela cara de caverna que a gente imagina. A descida é tranquila e logo a gente se encontra totalmente dentro dela, onde sem iluminação não se vê nem a ponta do nariz. A caverna tem muitos desmoronamentos, o que traz uma poeirinha bem fina, que gruda em tudo que toca e não sai mais. Todos sujos, fomos entrando mais e mais na caverna.

Como não havia muito movimento na caverna, e o nosso era o único grupo, a guia nos levou mais adentro da caverna, onde o breu era total. Lá fizemos o “apagão”, este do bem, por vontade própria. Prá completar, fizemos a espinha de peixe, onde deitávamos no chão, com a cabeça apoiada na barriga do outro. Com umas vinte pessoas, parece mesmo uma espinha...

Então desligamos todas as luzes e, com exceção de algumas risadinhas (e roncadas de barriga), ficamos no silêncio durante alguns minutos. É realmente gostoso... Dá uma vontade de ficar ali um tempão. Acho que alguns até deram uma cochiladinha...

No fim da caverna, tem uma parte inundada, onde alguns pularam. Frio prá que te quero e todo mundo com vapor saindo do corpo, tamanha era a umidade do ar!

Uma hora e meia depois saímos da caverna e era hora do almoço. Antes, um banho na geladíssima cachoeira do Couto, onde ninguém foi exceção. Todo mundo na água!

Agora, todos com muita fome, paramos num quiosque e, que legal! Vários esquilos passeavam à nossa volta, pulando de árvore em árvore e de vez em quando, posando prá nossas fotos. Já com as imensas borboletas azuis a história era diferente. Nada de pose prá foto. Tímidas, elas...

Tanque cheio, fomos para a caverna de Santana, a que mais tinha espeleotemas (estalactites, estalactites e todas aquelas formações de caverna). Dividimos em grupos de dez pessoas e entramos na dita. De cara, passeávamos por pontinhas e pinguelas, batendo várias vezes a cabeça quando o teto ficava baixo ou alguma estalactite malandra surgia sem avisar.

É realmente bonita esta caverna! Cheia de formações, muitas têm nome: Asa de Anjo, Buda, Cavalo, Edifício, Castelos, Cortinas, Vela, todas foram sendo apresentadas pelo nosso guia.

De repente, um capacete boiando, descendo calmamente o riozinho: era da Bruna, que ao olhar para o teto, derrubou-o. Um pouco depois, era a vez das luvas do Odenir, mortas de inveja, fazerem o mesmo caminho... Tanto o capacete como as luvas foram recuperados, o que não livrou seus donos das piadinhas...

O Odenir, que estava no outro grupo, levou um tombão e ficou todo dolorido. O escuro cobrava seu preço, módico, menos para o Odenir... Na volta, conseguimos ver no riozinho alguns peixes, bem diferentes dos da luz, bem claros eles. Vimos também um caranguejo muito esquisito, que mais parecia um pulgão super-desenvolvido.

Mais umas batidas na cabeça (bendito capacete!) e saímos da caverna, prontos para outra. Prontos? Nem todos... Alguns jogaram a toalha e voltaram para o ônibus! Aos demais, à caverna do Couto!

Couto foi um rio que quase secou. Dá prá perceber bem que se trata de um canal, onde a água já chegou a atingir o teto. É mais um túnel que uma caverna, com seus quatrocentos e poucos metros.

Na entrada, uma surpresa: um vento muito forte avisava da peculiaridade da caverna do Couto. Descemos por uma escada, observados por um opiliões (uma mistura de aranha e caranguejo) e por algumas pererequinhas assustadas.

Caminhamos às vezes com o pé na água (o que fez minha escolha pela papette ser ótima), às vezes por cima das pedras. Não havia muita dificuldade, mas com o pessoal já cansado, todo cuidado é pouco.

Eu tinha deixado um talkabout com o Ednei que estava no ônibus e ao sairmos da caverna, escutei-o no radinho. A volta inteira foi com o maledeto nos provocando, dizendo que estava limpinho e já tinha tomado banho. E a gente, cansado, sujo, mas feliz prá caramba!

A volta parece que foi mais longa que a ida, e a subida até o ônibus foi cansativa. Alguns carros, devido ao barro, sofriam para subir e nós estávamos a pé. Subi com a Monserrat e qual não foi nossa sorte ao conseguirmos carona com três garotas que, depois devencerem o barro da subida, nos levaram até a entrada do parque.

Banho tomado (mais ou menos...) e todos para o ônibus que era hora da volta. Quer dizer, tivemos que esperar até às seis, que foi quando os últimos chegaram. Sete horas de viagem de volta e estávamos novamente em Sorô.

O PETAR vale a pena, nem que seja num bate e volta. Pode ter certeza: de repente, quando você menos espera, bate a vontade de voltar.