- Aventura
- Diário de Bordo
- Paraty - Batismo !
01 a 02 de abril de 1999

Sexta, 30 de abril de 1999
Eram dez horas da noite quando saímos de Sorocaba com destino a Paraty. No carro ia além de mim, o Paulo Roberto, que tinha feito o curso de mergulho comigo e após uma espécie de novela mexicana do tipo "é hoje, é semana que vem, não é semana que vem, talvez na outra...", a viagem que teria sido feita no início de fevereiro somente agora realizou-se...
Tínhamos um mapa indicando os quilômetros e muita vontade de chegar. Sabíamos o nome da pousada e mais ou menos o caminho a seguir.
Quando perguntamos em um pedágio, prá lá de Taubaté, se Paraty era por aquele caminho mesmo, ouvimos da moça do pedágio: "Você vão por Cunha ???". Estávamos apresentados à famigerada estradinha...
Mais informações em um bar e era por Cunha mesmo que devíamos ir. Uma estrada do tempo do império, fazendo parte da Trilha do Ouro, que vem lá de Minas. Do início dela até a chegada em Paraty são noventa quilômetros, quase todos eles agradáveis, com exceção de nove...
Eram já duas horas da manhã de sábado e estávamos passando por Cunha quando o pneu esquerdo dianteiro estourou! Estávamos lentos e paramos o carro sem muitos problemas, trocamos o pneu e estávamos preocupados somente em chegar a Paraty sem o estepe.
Na estrada não havia alma viva. Creio que apenas uns OVNIs e talvez alguns chupacabras perambulam por aquelas paragens àquela hora da manhã, mas voltar, de jeito nenhum!
Foi quando deparamos com uma placa: "Paraty 22 km", seguido de outra, meio oculta pelo mato, com os dizeres: "Fim do...". Era fim do asfalto, mas poderia ser fim do mundo.
Encontramo-nos então em uma estrada de terra, numa pirambeira só, cheia de pedras grandes que judiavam prá valer do meu carro. A gente só queria ver o asfalto, que veio uma hora depois.
Enfim, quase quatro horas da manhã a gente chegava na pousada Marendaz, e à simples menção da palavra "Cunha" um arrepio subia a coluna...
Bom, mais que hora de dormir e preparar para o que realmente importa: o tal do batismo.
Sábado, 01 de maio de 1999
Oito horas, já estávamos em pé (pelo menos eu estava...) e eu fui arrumar o pneu do carro. Na volta tomamos café e eis que chega o Melão, nosso dive master, apressado e dizendo que sairíamos às dez da marina tal (nem perguntei o nome). Dez horas estávamos lá e soubemos que dois casais iriam conosco mergulhar.
O barco, Corsário Negro, tinha uns dez, doze metros e levou a gente para a primeira parada, a Ilha Comprida.
Primeiro mergulho, todos os badulaques no lugar e pronto para o Passo do Gigante, um dos modos de cair na água.
Todos os nomes estranhos passeavam pela mente: snorkel, cilindro, colete, neoprene, pé de pato, cinto de lastro, máscara, tubarão!, octopus, regulador e outros etceteras. Tudo pronto para entrar de cabeça (figura de linguagem, ok?) no mundo submarino.
O ouvido apita e você compensa, o corpo começa a ser apertado e você continua respirando como se estivesse na superfície, com a diferença de que o ar é mais seco. A visão da primeira estrela do mar, que o Melão pegou e pôs nas nossas mãos, a sensação de voar e a leveza de movimentos faz-nos esquecer por um momento que estamos a seis, dez metros. É realmente gostoso!
Findo o mergulho, de aproximadamente meia hora, e descansamos um pouco no barco. Alguns comeram alguma coisa... Eu não, pois estava meio "mareado". Acho que comi demais no café da manhã...
Segundo mergulho, Ilha dos Ratos. Mais fundo, chegando a dez metros e em uma parte um pouco mais de correnteza. A pressão foi o que mais me impressionou! Estava mais preocupado em compensar o meu ouvido direito do que com os próprios exercícios do batismo. Esgotar máscara, pivô de nadadeira, passo do gigante, etc, tudo feito tranquilamente... Parecíamos scubas profissionais! Modéstia às favas...
Terminamos o dia na Praia Vermelha, muito bonita por sinal, ouvindo o Melão contar os causos sobre o calçamento de Paraty, as histórias de naufrágios e tesouros perdidos. Legal. Só que eu estava tão cansado que só queria dormir.
Voltamos a Paraty, comemos muito num restaurante de lá e entramos em hibernação profunda até o dia seguinte. Esgotados era eufemismo...
Domingo, 02 de maio de 1999
Bem mais dispostos, tomamos o café da manhã (por sinal muito bom o serviço no Marendaz) e fomos ao pier para nossos testes finais.
Estes foram feitos na Ilha dos Ganchos (ou Gansos, não sei ao certo...) e mais dois mergulhos foram feitos ali, sendo que o último foi turístico.
A água estava mais turva, o que prejudicou um pouco a diversão, ainda mais que o Paulo foi com uma câmera submarina e torrou vinte e quatro fotos em meia hora de mergulho!
Uma da tarde e já estávamos nos preparando para a volta. Cerca de duas da tarde iniciamos a viagem até Sorocaba, cansados mas felizes por sermos scuba (ficávamos repetindo isto ad nauseam...).
Sete e pouquinho estávamos em casa e eu ainda inventei de ir à igreja. Parecia um zumbi crente, se é que isto existe.
Enfim... Agora, na qualidade de scuba (que é uma sigla que não lembro direito o que significa, mas tem algo a ver com o equipamento que se usa no mergulho autônomo), morrendo de canseira e prevendo o trampo na segunda, a novela "O Batismo" chega ao fim.
Em breve, mergulhos em outros lugares, na seu site favorito...



