- Aventura
- Diário de Bordo
- Cancun/México - As Pirâmides do Novo Mundo
26 de dezembro de 2008 a 03 de janeiro de 2009

Sexta, dia 26
Menos de uma semana após ter ido para o Rio de Janeiro de surpresa, com direito a Ceia de Natal debaixo de uma tempestade no meio da semana, finalmente chegara o dia para mais uma viagem. Mochilas ( desta vez tinham que ser malas... ) prontas e fomos almoçar com a Dona Blanca, em São Paulo, e esperar o horário para irmos ao aeroporto.
Depois do táxi ( R$ 75,00 ) até Cumbica, fomos procurar o check-in da Aeromexico e nada de encontrar... Depois descobrimos que somente quando a Iberia fizesse todos os seus check-ins que o stand seria modificado para a Aeromexico. Esperamos por ali mesmo porque deveria ter muita gente querendo pegar o vôo. E tinha mesmo! Éramos os terceiros da fila, mas atrás da gente tinha cerca de uns cinquenta metros de fila. Todo mundo pro México! Arriba!
O vôo saiu por volta da meia noite e lá se foram quase dez horas até a Cidade do México, ponto de escala.
Sábado, dia 27
Saímos de São Paulo com cerca de trinta graus e chegamos na cidade do México com... 7 graus! E todos os agasalhos nas malas! Ainda bem que tinha que pegar as malas e colocá-las nós mesmos na conexão. Esperamos o cão da polícia cheirar bem as malas prá ver se não tinha drogas ( ele pegou duas!! ) e assim conseguimos vestir algo mais quentinho. Tomamos um café na Starbucks, que estava mais para chafé, como a gente diz por aqui dos cafés fracos demais, e esperamos até as 10:00 para pegar o vôo para Cancun. Fora as quatro horas de fuso para trás. No Brasil já eram 14:00...
Enfim, entramos no avião para Cancun, pousamos lá e.. cadê o transfer? Os "cara" tinham se esquecido da gente... Perguntando no aeroporto, conseguimos entrar em contato e nos disseram que chegariam em uma hora ou uma hora e meia. Perguntamos se poderíamos pegar um táxi e depois eles nos reembolsariam e a resposta foi positiva. Sacanagem, depois de 17 horas em trânsito, os caras ainda querem que você espere mais uma hora... Pagamos extorsivos 58 dólares de táxi e logo que chegamos no hotel já ligamos para a Barcelos Vacaciones ( lembrem-se deste nome e não fechem nada com eles!! são pilantras! ) e o cara do outro lado da linha me garantiu que nos reembolsaria.
Enfim, enquanto o quarto estava sendo preparado, era hora de reservarmos os nossos passeios dos dias seguintes, já que só tínhamos reservado os do dia 31. Há uma agência no lobby do hotel, a Lomas Travel, cujo representante, o Tito, nos atendeu muito bem e reservamos para o dia seguinte Tulum e Xel-ha, para o dia 29, Chichen Itza e para o dia 1o, Xcaret. Deixamos o dia 30 para ver se iríamos ou não mergulhar em Cozumel...
Entramos no apartamento, tomamos um banho prá tirar a nhaca da viagem e vamos bater perna! Pegamos um ônibus para o centro, em direção ao Plaza Las Américas, onde iríamos procurar alguma coisa interessante. Vale dizer que o melhor shopping de Cancun ( lá eles chamam de Plaza ou Mall ) não chega aos pés dos razoavelmente bons em São Paulo. Isto se aplica também para as comidas... Encontramos vários CDs da lista que a Dona Blanca, que foi mariacchi quando jovem, encomendou e fomos comer, já que estávamos com apenas um pacotinho de amendoim no dia inteiro e o estômago estava em pleno motim sonoro! Comemos uma massa num restaurantinho simpático de lá e vamos voltar que estávamos tortos de cansaço.
Chegando em frente ao hotel, o cansaço passou o suficiente para que entrássemos no shopping em frente ao hotel que estávamos, o Flamingo. Poucas lojas(tiendas) abertas, devido ao horário, mas encontramos uma bem interessante, com algumas máscaras e lagartos, os geckos, de madeira e muito bem pintados. Provavelmente levaríamos uma delas para casa, se conseguíssemos descobrir como levar aquele tamanho todo no avião.
Volta pro quarto e dormir, que amanhã tem passeio!
Domingo, dia 28
Domingão, sete horas da manhã e um monte de gente na porta do restaurante para tomar o desayuno. Onde já se viu hotel de turista abrir para o café da manhã às sete, sendo que todo mundo tem que pegar ônibus para os passeios no máximo às sete e meia??? Prá completar, você tem que esperar eles servirem o café ( chafé!! ) na mesa, senão toma bronca ( eu tomei ). E é café prá gringo ver, não prá brasileiro. Bateu uma saudade do café com leite e pão de queijo, mas tudo bem, que viajar é isto mesmo! Pelo menos, tinha pão.
Chegando no ponto de encontro dos ônibus, em frente ao Wet'n'Wild, vamos ao ônibus número 9 ( todos os ônibus, para todos os passeios, têm cada um seu número e, se você esquecer, fica a ver navios...) e conhecemos a Sassa, nossa guia, muito simpática e divertida. Aproveitamos a viagem de quase duas horas até Xel-ha para nos ambientar e comprar protetor solar "biodegradável" a imensos 13 dólares. Tudo porque os parques não permitem que se use protetor que não seja biodegradável. Se for prá preservar, está ótimo. Bonito poderia usar esquemas assim, prá gente não torrer quando estivesse descendo o Rio da Prata e o Olho D'água...
Aliás, os guias no México falam espanhol e depois repetem, ou tentam repetir, tudo num arremedo de inglês chamado por eles de spanglish ( como o nosso portunhol ). Vai por mim, presta atenção no espanhol, que eles falam primeiro, porque se você deixar prá entender o inglês pode ir pro lugar errado. E não, não se fala português naquelas paragens.... Não insista. Eles são simpáticos, mas não poliglotas. Melhor falar português devagar, só trocando as palavras que você tenha certeza, do que inventar palavras com sotaque, como a minha preferida, "Cueca Cuêla". Se for na Argentina, use o sotaque local: "Cuêca Cuêdja"!!
Xel-ha, o primeiro dos super parques que iríamos visitar. É prá lá de bonito, encravado numa foz de rio à beira do mar do caribe, com inúmeras atrações, boa comida e, pelo pacote que adquirimos, com tudo incluído, ou seja, deu sede, chega numa barraquinha e bebe. Primeira coisa a se fazer, descer o rio de snorkel. Deixamos nossas coisas nos armários (lockers), pegamos nosso equipamento de snorkel (você deixa 20 dólares de caução e, na volta, devolve o equipamento e pega o dinheiro) e fomos ao início do rio. Como é longe e ninguém quer perder tempo, fomos de trenzinho...
Você chega no início do rio, veste um colete salva-vidas, deixa os chinelos e a roupa seca em uma sacola, coloca mais uma chave no pescoço e entra na água gelaaaada!!! Mas acostuma rapidinho... O rio é muito bonito, bem claro e com vários peixes caribenhos, estilo "Procurando Nemo". A descida é muito tranquila, com a única preocupação de se desviar das bóias que descem o mesmo rio com turistas. Para se ver os peixes, é necessário ficar próximo às margens, porque no meio do rio só tem pedra e areia. Uma hora e pouquinho depois, você começa a chegar perto do mar e percebe um fenômeno chamados haloclinas, que nada mais é do que o encontro da água doce com a água salgada, que deixa a visão turva como se alguém tivesse misturado óleo na água. É interessante, mas você não vê nada, nem peixe, nem a pedra que você vai bater a cabeça... Aliás, o nome Xel-ha siginifica exatamente isto: o encontro das águas.
Passamos lotado pela caverna e pusemos os pés no seco. Para ir ao outro lado do rio, tem uma ponte, que é flutuante. Todo mundo que atravessa parece que bebeu umas boas doses de tequila e dá prá dar muita risada!
Pegamos as nossas roupas e estávamos com muita fome. Chegamos em um dos restaurantes disponíveis, o de comida mexicana, e mandamos ver! Fazia tempo que não comia tanto... A Mon se acabou nos guacamoles e margueritas. Eu me acabei nos doces. Parece que não, mas você gasta muita energia nadando no rio e até o fim do dia, a gente gastaria o resto...
Resolvemos gastar o resto do tempo que tínhamos ali passeando pelo parque. É muito legal, porque tem atividades, na quase totalidade aquáticas, para todos os gostos. Desde a já falada descida do rio, até salto de barranco, mergulho em caverna e outras atividades pagas à parte, como os golfinhos, o snuba (mistura de snorkel com scuba), o seatrek ( espécie de escafandro fashion ) e outros. Fizemos um caminho muito bonito, enjoamos de ver quatis e iguanas e voltamos de bike com freio no pé, igual a umas BMX da minha infância.
Voltamos à Sassa e seu ônibus #9 e vamos a Tulum! Mais uns quinze minutos de viagem e chegamos à nossa primeira cidade maia ( segunda se considerarmos Xel-ha, mas isto é outra história...). Tulum foi um porto mercantil maia do século VI ao século XVI, seu nome significa algo como "muralha" e era chamada pelos mais de Zamá, que significa aurora ( e dá-lhe wikipedia... ).
A cidade é bem bacana. Grande, com algumas construções à beira do penhasco, permite fotos belíssimas. Não é permitido entrar nas construções, mas nem precisa. Você, quando visita a Casa Rosada, o Palácio da Alvorada ou a Casa Branca, vai entrando assim na boa? Pois é. Estamos em frente a uma das várias Casas Brancas dos maias... Aprecie a vista e curta o lugar, que transpira história. Imagine como seria aquilo a quinhentos, seiscentos anos atrás e se descubra não tão seguro com aquilo. É um barato!
Noite chegando, sol indo embora, últimas fotos e voltamos para o ônibus #9. Era prá chegar em coisa de uma hora e meia, mas dois congestionamentos, um por obras e outro por blitz da polícia, atrasaram a viagem em mais de uma hora. Mas não tinha problema, o dia fora perfeito!
Chegamos no hotel, tomamos um bom banho e fomos jantar no Bubba Gump. Lembra do filme Forrest Gump, onde ele tinha um amigo com um beição chamado Bubba, que falava o tempo todo de camarão, camarão, camarão e que depois montou um negócio com o Forrest chamado Bubba Gump? Se não se lembra, é só chegar neste restaurante que a ficha vai cair. Tudo lá é ambientado no filme. Comemos um camarãozinho delicioso, sentados à beira da laguna e depois passamos na loja de recuerdos para levar uma placa de "Stop Forrest, Stop". Tem a famosa "Run Forrest, Run", mas a gente precisa mesmo de parar e vamos colocar a plaquinha no escritório de casa, para se lembrar que descanso é bom...
Segunda, dia 29
Dia de conhecer uma das sete maravilhas do mundo moderno, Chichen Itza. Mesmo problema com o café da manhã e vamos agora de ônibus #37! Longe prá caramba, são mais de duas horas de ônibus até o sítio arqueológico. Mas tinhamos uma parada antes de lá, o cenote Ik-Kil, onde poderíamos nadar...
Chegamos lá. Um monte de gente ao redor do ônibus, uns caras querendo de qualquer maneira tirar uma foto sua prá colocar em garrafa de tequila e cadê o tal cenote? Tá logo ali... Olhamos de cima e... sabem o Piscinão de Ramos? Pois é.. temos aqui seu primo mexicano, o Piscenote de Ramos, ou de Ik-Kil ( que deve ser Ramos em maia... ).
Muita, mas muita gente, pulando no cenote, outro tanto olhando nas janelinhas o pessoal pular e mais um tanto esperando sua vez de criar coragem e pular. O cenote, tirando aquele mundaréu de gente, é lindo, e mergulhar ali deve ser fascinante. Mas do jeito que estava, nem a pau, Juvenal. Contentei-me com muitas fotos. No seco...
Volta para o ônibus e, apesar do guia de hoje ( acho que se chamava Jorge... ) não ser tão simpático e carismático quanto a Sassa, ele fazia um bom trabalho. O motorista, por sua vez, era um ogro mexicano que quando paramos para ir no banheiro ele falou pelo rádio que "los gringos se quedaram a cagar". Uma classe só. O horário combinado para voltarmos ao ônibus era 11:45, porque precisávamos almoçar e depois ir para o prato principal. Só que uma família de americanos não pensava assim...
Já era meio dia e a despeito dos pedidos do guia, eles continuaram no cenote, nadando e brincando como se só eles estivessem de férias. O guia então tomou a única atitude cabível: seguiu viagem. Chegamos no restaurante, almoçamos assistindo um grupo de dança tradicional que dançava com garrafas, às vezes bandejas com mais de uma garrafa, de tequila equilibradas na cabeça e a família-simpática-dona-do-mundo chegou. O pai, um americanão com o dobro do tamanho do guia apontava-lhe o dedo e o ameaçava gritando. Todos os outros turistas, nós incluídos, ignoramos a família mal educada, terminamos nossa refeição e voltamos para o ônibus.
No almoço, fizemos amizade com uma família costa-riquenha muito simpática e com uma mãe e filho que viviam no Canadá. Em Chichen Itza, ficávamos trocando as câmeras para aparecermos todos junto aos monumentos. Coisa de turista...
Finalmente, ela estava à nossa frente! Entramos em Chichen Itza e, depois da muvuca na entrada, estávamos perante a grandiosa pirâmide de Kukulcán, simbolo do sítio arqueológico e, apesar de ser menor do que eu imaginava, monumental. Na verdade, explicou-nos o guia, trata-se de uma pirâmide dentro da outra, como as matrioskas, aquelas bonequinhas russas. Quando se bate palma a uma certa distância da pirâmide, o som que se ouve logo após não é o eco, mas um barulho diferente, uma espécie de piar de pássaro. Estranhíssimo!! Em uma das faces, a famosa quetzalcoatl, a serpente emplumada, simbolo do deus supremo dos maias. Em um dia específico do ano, que deve ser um dos solstícios ou equinócios, a sombra do canto da pirâmide faz a cobra andar, descendo à terra! E numa noite de lua cheia, o efeito é o contrário, fazendo a serpente subir novamente aos céus.
Além desta pirâmide, o lugar tem muitos outras construções impressionantes. O Caracol, a Praça das Mil Colunas e o cenote, que dá nome ao lugar. Chichen Itza significa "Boca do poço dos feiticeiros d'água" e este tal poço é o Cenote Sagrado, onde sacrifícios de crianças, animais, escravos e virgens, eram feitos. Dá uma sensação esquisita chegar perto, mas é obrigatório.
Os maias tinham os cenotes como a passagem entre nosso mundo e o mundo de baixo, o infra-mundo. A cidade foi construída em torno deste cenote em 514 a.C. e abandonada no ano 600. 300 anos depois, foi reconstruída e se tornou o centro da cultura maia. A pirâmide principal ( há outras!! ) de Kukulcan, tem quatro escadarias de 91 degraus cada, representando 364 dias, sendo o último dia é o tempo no cume da pirâmide. Assim, é também um calendário. Devia ser impressionante há alguns seculos atrás...
Ainda tem o estádio do jogo de pelota! Os guerreiros, divididos em dois times, emperravam a bola com os quadris e tentavam fazê-la passar por umas argolas situadas a coisa de cinco metros de altura. Uma mistura de futebol e basquete e... bom, o capitão do time vencedor tinha um prêmio um tanto esquisito para nossos padrões: ele era decapitado. Sua morte faria com que as colheitas fossem boas, os furacões dessem um tempo e o mundo não acabasse. Para os outros, porque para o pobre jogador o mundo já era.
Fim de passeio, hora de voltar prá casa. Acabados, depois do longo dia, mas felizes por carimbar mais uma das maravilhas do mundo moderno. Para mim, faltam Petra, o Coliseu, o Taj Mahal e as Muralhas da China. Prá Mon, faltam estas e Machu Picchu. Com o tempo, a gente carimba todos...
Mas neste dia, ainda faltava ir até o La Isla, um dos vários shopping centers da zona hoteleira. A Mon se acabou de comprar creminho e batom. Até passou o cansaço... Comemos uma pizza marguerita que se for servida no Brasil os cara devolve, mas tudo bem, a fome mandou ver!
Terça, dia 30
Hoje era dia de conhecer Cozumel que, para quem já tinha mergulhado em Fernando de Noronha, devia ser uma coisa de louco, já que é considerado o segundo melhor local de mergulho do mundo, só perdendo para a grande barreira da Austrália. Vamos conferir...
De pronto, fomos até Playa del Carmem e dali pegar o ferry com destino a Cozumel. Acho que nosso buzuca do dia era o #63 e o gui se chamava Jonathan. Era o que falava melhor inglês, mas tinha o maior jeito de mala, razão esta que mantivemos uma distância segura... Na ida para Playa del Carmem, tivemos mais uma mostra de como brasileiro não sabe se comportar no exterior, com o pessoal não interagindo com os locais e insistindo em andar em grupinho só falando português. Uma pobreza de espírito tamanhã que também mantivemos uma distância segura deles.
Depois de meia hora de ferry, uma mega lancha com capacidade para mais de 400 pessoas, chegamos em Cozumel e fomos separados em grupos de doze pessoas ( no nosso não tinha brasileiros, uêba! ) e entramos em uns barquinhos com fundo de vidro para começarmos nosso passeio pelo mundo submarino.
Como meu parâmetro era Noronha, foi uma decepção... Dois furacões seguidos, o Wilma (2005) e o Dean (2007) devastaram as praias e os recifes de coral que faziam da ilha um destino certo para mergulhar. Hoje, resta pouco de vida e nada de praia. Os poucos peixes que se aproximam por conta da comida levada pela guia são belíssimos, mas o ecossistema foi seriamente danificado e devemos torcer, mesmo com poucas esperanças, que não haja mais furacões deste porte nos próximos anos para que a ilha, a maior do México, retorne ao seu esplendor passado.
Após três mergulhos com snorkell, com a Mon já enjoada apesar do Dramin ( ô menina patife prá barco, sô! ), fomos almoçar e com certeza foi o almoço mais chinfrim que tivemos em toda nossa viagem. Hamburguer-faça-você-mesmo. É isto aí. Prá agradar os vizinhos americanos, tinha pão, hamburguer, algumas saladas e outras coisas que você juntava e montava seu hamburguer. Para acompanhar, orchata de arroz.
Almoçamos com um casal do Kansas, um do México e outra americana. Todos muito simpáticos, sorridentes e tentando se fazer entender. Os mexicanos entendiam um pouquinho de inglês e os americanos lhufas de qualquer coisa. Mas deu prá entender que o americano era descendente de árabes e tinha parentes no Brasil, sua esposa (estavam em lua de mel) era meio patricinha, a outra americana não estava a fim de muita comunicação. Já os mexicanos, Ivan e Claudia, viraram amigos rapidinho e na volta as mulheres ficaram trocando muitas figurinhas.
Até a hora de ir embora, tinhamos a oportunidade de fazer compras e não é que não tem nada prá comprar? As lojas são feitas para americanos, principalmente turistas de cruzeiro (havia dois daqueles barcões ancorados ali, o Splendour of The Seas e outro que não me lembro ), e o que eu queria, uma câmera digital para mergulho, não tinha. No mais, era artesania mexicana e diamantes. Tomamos um sorvete muito gostoso e ficamos tirando fotos dos pelicanos.
Voltamos tranquilos no ferry, mais uma hora de ônibus e quando chegamos no hotel já não tínhamos pique de sair. Corri na farmácia da frente do hotel ( lá, farmácia é loja de conveniência...), enchi amochila de batatinha, cerveja e suco e contrabandeei para nosso quarto no hotel. Não conseguimos nem comer direito e já estávamos dormindo...
Quarta, dia 31
O dia mais aguardado pela Mon, o dia de nadar com os golfinhos! Acordamos bem cedo, brigamos com o chefe do restaurante que resolveu abrir cinco minutos mais tarde no dia ( mais cedo, nem sonhando ) e pegamos o transporte, às 7:05! Rumo a Puerto Aventuras, na Riviera Maya...
Após uma escala para lotar a van com uma família de holandeses, chegamos quase nove da manhã em Puerto Aventuras e fomos logo trocar de roupa e assistir um vídeo que dava algumas dicas para o momento com os golfinhos. Esperando para entrar na água, um molequinho americano de seus oito anos no máximo estava surtado, já que o pai só avisou que iriam nadar com os golfinhos naquele momento. Estava quase mais pilhado que a Mon, hehehe...
Entramos na água e lá estavam os "nossos" dois golfinhos, Nani e Angel. Os golfinhos de perto são bem maiores do que imaginamos, com quase três metros de comprimento. Começamos com um carinho no dorso deles, depois na barriga e logo já estavamos ganhando beijos e abraços e nos preparando para os dois pontos altos, o "foot push" e a carona. Dois a dois, íamos para o outro lado do tanque e, para a carona ficávamos em posição de crucifixo e, assim que os golfinhos passavam, agarrávamos as barbatanas dorsais ( a que fica fora d'água nos tubarões ) e por dez metros tínhamos uma carona deliciosa e a toda velocidade. Depois, o "foot push" era quando os golfinhos punham os focinhos em seus pés ( ainda bem que não fez cócegas!! ) e te empurram com força, de modo que você sai até os joelhos prá fora da água. A sensação é maravilhosa e faz parte da categoria "não dá prá explicar, tem que experimentar". Mais algumas brincadeiras com eles e fim de papo. Hora de conhecermos os outros atrativos da festa.
Foi aí que a Mon mudou de paixão. Assim que entramos no tanque dos manatis ( são como o peixe boi, mas de mar ), ela se apaixonou perdidamente por aqueles gigantes comedores de alface. Os danados comem até 30 pés de alface por dia e havia quatro deles no tanque, sendo que um era filhote.
Ganhamos beijo, alimentamos os bichões com alface e o tempo inteiro ficamos com um deles por perto. Ô bicho prá gostar de carinho, sô! Aquela meia tonelada chegava de mansinho e já ficava a postos prá ganhar um cafuné ou um tapinha no lombo. Um barato mesmo, principalmente a Julieta, a mãe deo bebê manati, que foi quem me deu o beijo molhado, limbento e peludo.
Ainda tinha mais! Os manatis não tinham saído do tanque e trouxeram a Luna, um leão marinho ( uma foca grande... ) que fazia acrobacias e nos dava beijos. Tudo registrado pelos fotógrafos que depois te cobravam 15 dólares cada foto!
Passeio concluído, um sorriso de meio metro na boca de cada um, compramos os vídeos de nossas peripécias, mais as fotos por 100 dólares. Caro prá dedéu, mas não dá prá não levar...
Almoçamos no Gringo Dave, com um couvert americano chato prá dedéu, mas nem estávamos nos importando... O ano foi fechado com chave de ouro 24 quilates! Duas da tarde e já era hora de voltar.
Chegamos de volta no hotel umas quatro da tarde, demos uma descansada, já que ainda teria o reveillon e umas sete da noite saímos para o desembarcadouro. Junto com a gente, um trio de cariocas que encontramos no hotel e fizemos amizade, a Sônia, a Solange e sua filha, a Cristina.
O evento, que durante todo o ano é o Assalto Pirata, agora seria o Carnaval Caribenho. Preferia com certeza os piratas, mas já que estamos aqui... Pegamos o barco às nove da noite e a farofa já estava armada. Uma muvuca de animador tentando fazer você dançar e o barco a meio caminho para a Isla Mujeres. Um som altíssimo e dois animadores, por falta de um, gritando a plenos pulmões em espanhol e em inglês feliz ano novo.
Chegamos em Isla Mujeres e nos sentamos em uma das muitas mesas que haviam por ali. Tudo decorado com o já tradicional kitsch mexicano, tudo muito exagerado e a gente cascando de rir. Bebida à vontade e comida servida em buffet. O show começou e foram apresentando danças típicas de vários países: África (sic), Argentina, Espanha e sua rumba (sic de novo), México, EUA e, claro, Brasil! Foi tudo menos música brasileira, mas combinava com o bizarro da ocasião. E, com certeza, era menos insólito que nosso reveillon do último ano, com os hippies...
Chegou 2009! Êêêê!! Felicitações, o show correndo solto, as cariocas correndo para o palco prá se acabar de dançar e antes das duas já era hora de pegar o barco e voltar. No fim das contas, uma festa prá lá de família...
Quinta, dia 1o
Último dia inteiro em Cancun. A tristeza já batendo e a gente torcendo que Xcaret fosse tudo aquilo que tinham nos falado. Era.
Como Xel-ha, este parque é extremamente bem planejado e montado onde antigamente era uma cidade maia. Mas aqui resolveram transformar tudo em um menu de shows o dia inteiro e zoológico. Começamos pelos homens voadores, que sobem em um poste e, enquanto um fica lá em cima tocando sua flauta, os outros quatro se arremessam presos a uma corda e vão girando até chegar no chão. Tudo isto a vinte, trinta metros de altura e sem equipamento de segurança! Assustador... Depois, fomos ao aquário que é fascinante, às arraias e tartarugas, os macacos, a anta, a fuinha, enfim, um monte de bicho pertinho de você, num cenário paradisíaco que é Xcaret.
Fomos fazer o passeio pelos rios subterrâneos, onde você utiliza uma máscara, um pé de pato, um colete e um snorkel e desce cerca de setecentos metros de um rio que a maior parte do tempo corre dentro de uma caverna! às vezes, você não vê nada e fica com medo de dar uma cabeçada na pedra, mas isto não acontece não... É muito bacana e dá vontade de fazer de novo, mas só pode uma, então...
Então, vamos ao almoço. Comemos no Dos Playas, um dos vários restaurantes de Xcaret onde nosso pacote permitia comer. Ficamos em uma mesa com vista para o belíssimo mar do caribe, com gaivotas por perto e uma comida que dava prá perceber o quão frescos estavam os ingredientes. Tudo à vontade, se não tivesse certeza de que iria passar mal se comesse mais um pouco, eu tinha me acabado nos camarões e outras iguarias...
Mais dois shows prá ver, o dos maias e o das danças típicas, uma visita ao cemitério ( é, tem um cemitério dentro do parque ) onde tinha até túmulo em formato de carro, uma apresentação dos cavalos mexicanos e corre para o grande teatro onde às seis iria começar o Xcaret Espetacular.
O estádio/ginásio/teatro (pode escolher) era bem grande, mas às cinco e vinte já havia muita gente lá. Conseguimos um lugar ótimo, com apoio para a câmera e esperamos a hora do show. Deram uma velinha para cada um, que deveria ser acesa no início do espetáculo. Aguarda mais um pouquinho, toma um refrigerante prá amenizar o calor e, às seis, não havia lugar prá mais ninguém no teatro.
Começa uma menininha a cantar, depois aparecem outros personagens e vão contando e cantando a história do México, desde os antigos maias, passando pela invasão espanhola e mostrando os estilos musicais contemporâneos. Um show prá ninguém botar defeito, com toda a música performada ao vivo e um espetáculo de cores, sons e lendas que deixam a todos de boca aberta e com cara de feliz. Os mexicanos, principalmente, urravam a cada manifestação patriótica dos personagens e todos, sem exceção, torciam como se estivessem em uma partida de futebol na demonstração dos jogos de pelo maia e de bolas de fogo. Cada gol era comemorado, independente se entrasse no gol de Xcaret ou no de Chichen-Itza!
Felizes, corremos para o ônibus, passando rapidamente pela lojinha e voltamos para o hotel. Um dia perfeito!
Sexta, dia 02
Dia de voltar, que tristeza!! Tínhamos a manhã para algumas comprinhas e mais nada. Fechamos a conta no hotel, pegamos o ônibus e fomos a um dos mercados da cidade, o de numero 23. Roubada... Não tinha nada prá ver e parecia perigoso. Pegamos novamente o ônibus e descemos no Coral Negro, um mercado de pulgas já na zona hoteleira. Não tinha muita coisa diferente e saímos de lá para correr ao Plaza La Fiesta, onde a Mon passou mais de duas horas fuçando coisinhas prá comprar. Para compras, achamos de longe o melhor. Aceita cartão e, a cada 500 pesos, você tem direito a 200 pesos no departamento de pratarias. Como gastamos 1000 pesos, usamos o bônus de 400 pesos para comprar um "regalo" prá minha irmã caçula, a Melissa.
Comemos, acreditem, no McDonald's e já estava em cima da hora para voltar. Ainda deu tempo de comprar a máscar no Flamingo Mall, mas o lagartão já tinha sido vendido. Prá compensar, a Mon comprou alguns colares e voltamos ao hotel.
Enquanto o táxi não chegava, conhecemos o Walter, que estava indo embora também. Conversamos um pouco e logo o táxi chegou. Como ele tinha mais gente prá pegar em outro hotel, lá fomos nós. Esperamos mais de meia hora pelos cidadãos e qual não foi nossa vergonha ao ver que eram brasileiros. Prá completar, da espécie mal educada, abundante por aquelas paragens. Ficaram falando mal do motorista (em português, lógico, pois brasileiro mal educado fala em português e quase gritando), achando que ele não estava entendendo nada. Na saída, um deles tentou se comunicar comigo, pedindo que abrisse a porta e, quando eu disse que também era brasileiro, se sentiu em casa e perguntou por que não estávamos participando da conversa. Falei que ainda bem que não tinham falado mal da gente e saí de perto. Minha alergia ataca nestas horas...
Vôo para a Cidade do México, ajuda salvadora da Mon ao Walter no freeshop prá comprar cosméticos. Ele, assim como eu, não sabe a diferença entre um batom e um blush, então, algumas almas foram salvas do purgatório pela Mon. Vôo para o Brasil tranquilo, num 777, com telinhas de TV em todos os assentos, alguns brasileiros (prá variar) mal educados que usavam três poltronas e fingiam estar dormindo e nossa viagem tinha acabado.
Sábado, dia 03
Chegamos depois de muitas horas de viagem, cansados, pegamos um táxi até a minha sogra, almoçamos lá e fomos prá Sorocaba. Tive que colocar Pedra Letícia prá tocar no carro caso contrário muito provavelmente dormiria no volante.
Chegando em casa, uma recepção prá lá de calorosa da cachorrada ( agora são quatro!! ) e, com minhas roupas todas sujas de barro, tomamos um banho e fomos acordar só no outro dia!
Cancun, apesar dos estragos feitos pelos furacões, apesar dos preços muito altos e apesar dos turistas, é uma garantia de viagem boa. No entanto, dizem por lá, a Riviera Maya está começando a suplantar Cancun. É mais próxima dos passeios, tem o mesmo mar cor de turquesa e os preços são mais acessíveis. Tanto um como o outro não são bons lugares para compras de eletrônicos e artigos que no vizinho Estados Unidos se encontram fácil. Leve de lá, principalmente, os recuerdos mais baratinhos que dizem que você foi lá, coma a comida mexicana sempre perguntando antes sobre a pimenta e se acabe com os frutos do mar que são baratos e deliciosos lá.
Minha conclusão pode ser de um chato, mas eu preciso falar: se você vai a um país estrangeiro, abandone sua couraça de brasileiro, a concepção de que somos o melhor país do mundo, de que os outros povos não têm nada para nos ensinar e se entregue a uma experiência de imersão em uma cultura riquíssima, como é o caso da mexicana, tente falar espanhol, portunhol ou o que você conseguir para se comunicar com as pessoas de lá. Eles se sentem felizes e vão fazer o possível para te recepcionar o melhor possível no seu país. Sentimos na pele isto e, acreditem, podemos dizer que o México realmente adora o Brasil.
Fizemos a maioria dos passeios pela Lomas Travel, cujo operador, o Tito, nos atendeu com uma gentileza imensa e não deixou nada a desejar sobre nada. Ganhou uma boa propina, é claro. Em contrapartida, a Barcelos Vacaciones, que deveria ter pegado a gente no aeroporto e não nos reembolsou depois, é uma agência a ser evitada. Se você for prá lá e tiver o nome deles, peça para trocar se não quiser dor de cabeça...
Por falar em propina ( gorjeta, tip, ...) prá nós brasileiros é uma coisa chata, porque graças a Deus não temos isto aqui, mas lá é costume. Então, na medida do possível, dê uma gorjetinha que eles te atendem melhor. Mas a garantia de bom atendimento é, com certeza, tratar quem estiver lhe prestando serviço, seja o guia, o recepcionista do hotel, o agente de viagens ou o motorista, com a gentileza e amabilidade que fez a nós, brasileiros, famosos no mundo inteiro. Faça isto e sua viagem será com certeza uma das melhores que você já fez.







































