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- Bonito 2000 - Para quem quer ser redundante...
11 a 15 de agosto de 2000

Antes...
Eu já tinha estado lá... Quando o Renato falou que a Dive Club (talvez) iria para Bonito em agosto eu fiquei com aquela coceirinha que dá quando a coisa é boa. Não esperava voltar tão cedo a Bonito, mas... quem sou eu prá reclamar?
Prá galera da Dive, vou fazer de conta que é a primeira vez, ok? Não é muito difícil...
Sexta, dia 11
Correndo, do final do expediente, tomando banho e café apressado, verificando se não tinha esquecido de nada, louco da vida com minhã irmã que me surrupiara um filme, quase sete horas estava lá na frente da Dive Club, para começar a viagem para Bonito, uma cidadezinha no Mato Grosso do Sul com nome mais que apropriado...
Estavam no mesmo barco (ônibus!), a seguinte galera: Eu, Mara, Renet, Kiko, Audrey, Timpanário, Mário, Nelly, as irmãs Fernanda e Michelle, os irmãos Ângelo e Tereza (Ná), os casais Eric e Andréia, Jungle Boy (Rogério) e Jungle Girl (outra Andréia), Róbson e Elaine, Marcelo e Katry, Maria Helena e Renê e last, but not least, a Míriam. Quanta gente!
Num ônibus leito, com o tempo virando e esfriando prá dedéu lá vão os vinte e três prá pertinho do Pantanal, mas mais perto do paraíso...
A Mara já agilizou uma gincana de casal contra não casal e a diversão foi geral. O tempo foi passando rapidinho e logo já estávamos em MS, ainda com fuso de SP.
Sábado, dia 12
O dia amanheceu e ainda não tínhamos chegado em Bonito, só lá pelas nove horas. Chegamos na pousada La Paloma e depois da divisão dos quartos (fiquei no Jacaré!) almoçamos e fomos ao primeiro passeio, o Aquário.
Este tal de Aquário fica numa fazenda chamada de Baía Bonita. Na sede, divididos em três grupos, a gente pegou as roupas de neoprene e andou numa trilhinha até chegar à nascente do Aquário Natural, onde começaram os ohhs!
O nosso grupo foi guiado pela Ângela, ótima pessoa, descendente de italianos e com vocação prá bicho do mato, fazendo a todo momento a gente perceber o quanto ela era apaixonada pela natureza e as coisas de Bonito. Fomos recepcionados na nascente por um bando de macacos-prego e pulamos logo na água, que por sinal estava trincando de gelada!!!
Uma lista de regras existe para se mergulhar no Aquário: não pode usar repelente, protetor solar, nadadeiras, é obrigatório usar colete, o que te deixa com uma flutuação positiva tão impressionante (prá não dizer chata...) que fica até difícil a gente tirar fotos. Um barqueiro nos acompanha e ficava a nos pedir para não afastarmos da guia, ao mesmo tempo que a Ângela pedia um pouco de distância, mas nada de stress, que aqui não tem jeito. É relaxante mesmo...
Oitocentos metros abaixo, saíamos do rio e após uma pequena caminhada, fomos até uma cachoeira e logo após tinha dois “brinquedos”: a tirolesa e a cama elástica. Na tirolesa, a gente se joga de quase dez metros de altura por uma carretilha e cai no meio do rio e depois que enjoa disso, segue para a cama elástica, montada sobre uma bóia gigante no rio, onde as perícia, ou a falta de, fica por conta das risadas a cada capote que levávamos.
Prá terminar, voltamos à sede e pulamos numa piscina com água quentinha e, pasmem, hidromassagem. Dá uma moleza, gente... Meio a contragosto, vimos que era hora de voltar, não sem antes tirar umas fotos de umas cotias que apareciam para comer pertinho da piscina!
Chegou a noite e fomos todos à cidade, para jantar. Jantamos num restaurante chamado Tapera e continuamos a cantar parabéns pro Timpanário, que por sinal não fazia aniversário... Dividi com a Audrey um pintado na grelha e fomos fazer compras.
As lojinhas de Bonito são, de um modo geral, idênticas umas às outras! Todas vendem camisetas, estatuetinhas de bicho feitas em barro, peças indígenas (terenas, kadiwéls, etc.) e outras coisas com a grife Bonito. O preço é meio salgado, mas é o único lugar que vende esta grife, portanto...
De volta à pousada, antes de dormir ainda ficamos cantando prá espantar o sono (no covil das jararacas, que era o conjunto de quartos ao lado dos jacarés...) e por volta da meia noite já era hora de dormir. Dormimos o sono dos justos...
Domingo, dia 13
Hoje era dia de Rio do Peixe! Falo assim porque paraíso como aquele, com um anjo chamado Moacir tomando conta, onde a vida silvestre convive em harmonia com os homens de tal modo que não dá a mínima vontade de ir embora, é prá aproveitar cada segundinho...
Acordamos com o louro gritando que nem um maluco e fomos tomar café. Oito e meia, o ônibus já nos esperava para uma viagem de cerca de uma hora e pouquinho até a Fazenda Rio do Peixe. Chegando lá, tiramos mil e uma fotos do bando de macacos prego que o Seu Moacir atraiu com pedaços de mamão e fomos vestir o neoprene, ainda meio molhado, e rumamos às primeiras cachoeiras, vendo no caminho um tal de Socó Boi, um passarão marrom e preto.
Como o pessoal estava todo neoprenizado (uau! neologismos!), a água não parecia tão fria como realmente estava e fomos todos pular do poço! Um salto divertido, pelo inusitado do local: um poço de água cristalina, com uma cachoeira caindo em cima, e uma grutinha do lado. Pula-se de cerca de cinco metros e esborracha-se na água gelada lá embaixo, feito que no meu caso se repetiu quatro vezes! Até a Miriam, que por sinal deve ser a única mergulhadora do mundo credenciada que não sabe nadar, pulou e foi resgatada, entre muitas risadas.
Voltamos ao casarão e era hora do almoço. E que almoço! Comia-se até dizer chega e depois um pouquinho mais, ficava-se estufado e ainda arranjava um espacinho para a sobremesa! Depois, era só ir ao Redário (nome legal, né? nunca tinha ouvido...) e se estrebuchar em uma das muitas redes feitas de tiras de couro.
Uma hora depois, toca para outras cachoeiras e era hora de mais tirolesa e trampolim. Tirando a Nelly, que insistia em emaranhar a carretilha e pular a um metro do deck, todo mundo pulava no meio do rio, em poses nada artísticas. Risadas e risadas depois, uma paradinha em outra cachoeira e pronto! Tava na hora do café da tarde. E já estava acabando um dia onde gente da cidade como nós se maravilhou com araras pousadas no braço da gente, tucanos comendo na boca do Seu Moacir, macacos mais sadios e fortes que em qualquer zoológico que se visite e muita água cristalina.
À noite teve churrasco, como se a gente não tivesse se empaturrado o dia inteiro! Quem estivesse de regime tinha um sério problema prá resolver! Ainda deu tempo de juntar perto de uma televisão e ver o programa No Limite, onde as pessoas também estavam comendo, só que coisas nojentas como olho de cabra e miolo de bode. tod mundo cansado, fomos dormir cedo, isto é, antes da meia noite.
Segunda, dia 14
Como todos sabem, segunda-feira é sempre um dia chato! A não ser que no cardápio do dia esteja um certo Rio da Prata... Aí, qualquer segunda fica com cara de sábado!
De ônibus, dá quase uma hora e meia de distância... O Recanto Ecológico Rio da Prata é visita obrigatória para quem vai a Bonito. Com certeza, o melhor lugar para se fazer snorkelling de água doce do Brasil...
Tudo começou com a gente chegando de manhãzinha e já se dividindo em três grupos, cada um com seu guia. Desta vez não tinha que usar colete e o passeio seria maior! Mas tinha muita coisa antes de entrar na água! Na minha câmera sub, tinha metade de um filme, mas ouvi os conselhos da Ângela e coloquei um zerinho, zerinho!
Uma kombi nos deixa no pier, onde terminará a descida no rio e de lá saímos com destino à nascente do Olho D´Água, o rio que desceríamos. A trilha é cheia de vida, com macacos, mutuns, cotias, borboletas, os temidos queixadas (que nosso grupo não viu...), uma bicharada e tanto! A gente anda com a câmera engatilhada para tentar levar alguns destes flagrantes para a posteridade.
Todo mundo feliz, o melhor estava por começar: a nascente com seus quase cinquenta metros de diâmetro, de água cristalina, com peixes saindo pelo ladrão, e a gente babando de gosto por estar ali... Volta e meia, um dourado de mais de metro nos assediava, com sua cara de poucos amigos, um bando de piraputangas quase que esbarrava na gente, milhares de peixinhos nos vigiavam e piaus-três-pintas deixavam que a gente até tocasse neles.
Depois de passear pela nascente, começamos a descer o rio, numa calma gostosa. Sempre muitos peixes que pareciam estar voando, tamanha a claridade das águas. Num momento de parada, uma borboletinha amarela até posou prá foto na cabeça do Renet, e ele, de tão cuca-fresca que estava, levou a borboleta para um passeio pelo rio por uns cinquenta metros. Legal mesmo! Ela só se despediu do seu novo amigo quando chegamos numa parte de corredeira, em que a sensação de planar foi substituída pela de voar a jato a meio metro do chão. No final da brincadeira, lá estava a capitã do mato Ângela para indicar onde tínhamos que parar.
Um pouquinho de estrada e já estávamos de novo no rio. Agora estávamos chegando ao vulcão, onde um rio subterrâneo aflora e o leito parece realmente em ebulição! Tentamos prá valer chegar ao fundo, mas não era possível ficar muito tempo com todo aquele neoprene nos catapultando prá cima. Mas que foi divertido, foi!
O final do passeio se anunciava com a nossa entrada no rio da Prata, onde o choque térmico da água muito mais gelada do Prata entrava na roupa e gelava tudo! Um imenso cardume de pacus montava guarda na junção dos dois rios...
Agora, com a água mais turva, e o rio mais fundo, nadáva-mos de costas, de ré, dáva-mos cambalhotas, enfim, todas aquelas coisas que gente feliz faz e não se importa do que vão dizer. Uns queixadas atrasados, ficavam nos olhando da margem, como tentando descobrir o que eram aqueles peixes esquisitões!
Fim do passeio, hora do almoço. Prá variar, delicioso! Mas um detalhe me tirou do sério: um detalhe verde e barulhento! Tinha um papagaio que como quem não quer nada, chega de mansinho e rouba minha compota de figo. Depois, come a farofa da Fernanda e com a maior cara de pau termina roubando um pedaço de frango da Michelle. Depois, enxotado pela cozinheira, voa até um galho e fica de lá tirando o maior sarro dos ofendidos. Se não fosse tão engraçado, eu quase que ficaria bravo... hehehehehe... brincadeirinha... Em vez disso, usei o currupaco como desculpa para reabastecer-me de doce de leite!
No final da tarde, ainda fomos a um lago onde havia muitos jacarés, a maioria pequeninos, mas alguns maiores, de um metro e meio. Todo mundo tirando foto, menos a Nelly, que achava que o Timpa ia escorregar e cair na goela de um daqueles bichos.
Volta prá Bonito, um tempinho para ir na cidade. Eu fiquei vendo uma roda de capoeira, onde a Cíntia, do programa Pé No Chão, da Sportv, jogava com o pessoal. E não fazia feio não, viu? Fim de roda, hora de voltar à pousada e ir para o passeio, outrora rafting, no rio Formoso. Com direito a lua cheia!
A primeira reação do Tassiano, o barqueiro que ficou conosco, ao ver-nos cheios de neoprene e com gritos de guerra foi perceber que entrara numa fria. Pose prá foto e algumas instruções de posições no barco (fichinha!) e toca descer o rio de noite! Descida calma, com duas corredeiras e três quedas, em quase duas horas. no entanto, aquele pessoal de neoprene nos dois barcos dixava uma pulga atrás da orelha dos barqueiros...
Nem bem passou a primeira corredeira e ataque começou: era água de todos os lados! Os baldes que serviriam para drenar a água dos barcos transformavam-se em instrumentos do terror para o barco alheio... Quem bobeasse, podia tomar um banho enquanto estava com a boca aberta gargalhando, engasgando com tanta água! A Nelly perdeu a lente, o Timpa parecia uma carranca no Timpabote. O bote dois via um jacaré e o espantava para o bote um não ver. O Mário estava possesso e gritava esquerda e direita para acuarmos o outro bote!
De repente, o Róbson aparece no nosso barco e tenta seqüestrar um dos nossos! Até agora não sei quem ele levou, porque foi só cair o primeiro na água que o resto pulou atrás, para o resgate. O Tassiano, pálido, tentava avisar que poderia haver troncos submersos por ali. Em vão...
Todos de volta aos barcos e mais uma queda, seguida de muitas risadas! O outro barco nos encurralou e jogou-nos contra uma galhada. Numa inspiração momentânea, inventamos nova posição de rafting: posição de galho! Todo mundo se jogou para o fundo do bote, nem aí com quem matou Odete Roittman...
Fim de bagunça, todo mundo trincando de fome, prá lá de dez horas da noite. Passamos rápido pela Ilha do Padre, padre este com umas histórias meio escabrosas que contaram... Todo mundo no ônibus e toca prá pousada.
Um segunda feira histórica! Deliciosa...
Terça, dia 15
Sabe aquela depressão pré-parto? Pois bateu pesado... Ainda tinha a visita à Gruta do Lago Azul, mas dfinitivamente, este era o nosso último dia em Bonito. Fazer o quê? O que é bom dura pouco mesmo...
Acordamos cedinho e lá fomos nós para a tal gruta. Levei até tripé para tirar umas fotos boas do lago, mas qual não foi minha decepção quando a Ângela disse que era proibido usar tripé na gruta. A justificativa, a única que aceitei, era de que as fotos, que normalmente não saem dentro da gruta, poderiam ser muito boas e ninguém mais iria comprá-las na vendinha da entrada do parque...
Chegamos na entrada da gruta e começamos a descer a escadaria e apreciar aquela maravilha! Da entrada da gruta, ainda não se avista o lago, mas quando se vê, é um ohhhh geral! Na verdade, a água não é azul, mas é tão cristalina, que a luz bate no fundo (trinta metros, mais ou menos) e volta, já filtrada e só o azul consegue sobreviver a mergulho tão profundo.
A Ângela contou uma história da maior decepção da vida dela, que quando criança bebia das águas do lago (hoje não pode nem chegar perto...), pensando que era azul. Naquele dia, ela perdeu o equilíbrio e caiu dentro das águas. Qual não foi a sua decepção ao ver que não eram azuis, e a roupa branca que usava continuava branquinha... Só não ficamos com dó porque a dor de cotovelo por ela ter entrado naquelas águas era maior...
Fim de show, voltamos para a cidade, arrumamos nossas coisas e fomos almoçar, num self-service. Depois do almoço, ainda dava tempo das últimas comprinhas e oportunidade para quem não tinha comprado ainda o presente de amigo secreto.
Uma e meia, hora local, todo mundo mundo dando adeus, ou melhor, até a próxima, para este rincão de modo algum esquecido por Deus.
Entramos no ônibus e a Maria Helena (Mary Hellen, para os chiques até o úrtimo...), que aniversariava, e achava que todo mundo tinha esquecido, foi brindada com um forte parabéns prá você, com direito a bolo e champanhe! Muito legal!
Começou a revelação dos amigos secretos... Eu tirei o Renê sem T, e a galera curtia o momento! E toca quatorze horas até Sorô...
Quarta, dia 16
Chegamos prá lá de cinco horas da manhã em casa. Eu, como entrava no trabalho às oito, nem dormi com medo de perder o horário. Passei o dia como um zumbi, mas feliz de retornar àquele lugar tão especial que é Bonito.
Bonito é assim: um é pouco, dois é bom, três é bom demais! E por aí vai...














