Abrolhos/BA – À Mercê da Natureza

07 a 12 de outubro de 2001

Domingo, dia 07

Conhecer Abrolhos era uma meta antiga prá mim. Um lugar afastado da costa onde baleias reinavam durante um período do ano era uma coisa ainda meio difícil de entender. Mesmo dando vazão à imaginação, a realidade era bem mais impressionante do que eu esperava.

Cinco e meia da manhã e o Kiko estava em casa, com a van que ia nos levar ao aeroporto, de onde voaríamos para a Bahia. Fomos até à Dive Club, onde já estavam o Fábio e o Timpanari e, logo em seguida, o Carlos e o Marcelo. Sairíamos em seis de Sorô e somente em Caravelas juntaríamos com mais uma família de três pessoas que já estariam lá.

Chegamos cedo no aeroporto de Congonhas e o vôo da TAM foi sair às 9:20, com escala em Belo Horizonte antes de Porto Seguro. Chegamos em Porto Seguro por volta do meio-dia e já entramos na van que nos levaria até Caravelas. Mais três horas e meia de viagem, com direito a uma parada para o almoço, onde descobrimos que os primeiros bombardeios no Afeganistão acabavam de ocorrer. O tempo começava a mudar e às vezes uma chuva, outras uma garoa fina caía sobre a van.

Como haveria jogo da seleção contra o Chile pelas eliminatórias, queríamos chegar a tempo e três e meia da tarde já estávamos na Pousada da Torre, debaixo de uma chuva torrencial, em Caravelas. Encontramos lá o Edmílson, a Teresa e a Camila, a família de parágrafos atrás, que vieram de Sampa de carro, em catorze horas de volante.

O Brasil ganhou de dois a zero, fora o sufoco. Tomamos um banho e fomos procurar algum lugar prá comer. A gente já não tinha noção nenhuma das horas e seis e meia da tarde a pizzaria não tinha acendido o forno e os outros lugares pareciam fechados. A garoa com vento nos avisava que o dia seguinte ia ser brabo...

Caravelas é hoje uma cidadezinha, mas tem seu passado de glórias. Vizinho de Ponta de Areia, a mesma da canção de Milton, guarda na memória o tempo de trens, bases americanas da segunda guerra. Agora vive como ponto de partida para os mergulhadores e ecoturistas que se dirigem a Abrolhos.

Comemos no restaurante chamado Carenagem um bife à parmegiana que mais parecia um vulcão de purê e não eram nem dez da noite e já estávamos todos dormindo.

 

Segunda, dia 08

Enjoados de dormir, antes das seis da manhã e todo munda já estava de pé, com tudo pronto para embarcar. A chuvinha tinha parado, mas estava tudo nublado. O dia não prometia muita coisa não, mas esperávamos pelo menos zarpar.

Café da manhã gostoso, na pousada onde o anfitrião se chamava Jorge, mas o Carlos (Brimo) insistia em chamar de Xorxe, por causa do sotaque do cara. Sete e meia, o Maurício, dono do catamarã onde passaríamos quatro dias, chegava e fomos até o cais para carregar o barco.

O Sanuk, um catamarã de seus dez metros construído em 1998 iria abrigar nós nove, além do capitão Maurício e dos tripulantes Marquinhos, João Mário e Juninho. O Juninho seria nosso dive master durante estes dias e fora do barco, abaixo da superfície, ele daria a palavra final, mesmo que viesse através de gestos. Sanuk, em Thai, significa diversão, alegria de viver, e seria a bordo desta palavra tailandesa que iriamos descobrir o que era ficar quatro dias a setenta quilômetros da costa, num arquipélago pequenino, transformado em Parque Nacional Marinho em 1983, lar de agosto a novembro das baleias jubarte.

Com o vento de proa, assim como as ondas, saímos às oito e quinze da manhã de Caravelas e torcíamos que o mar estivesse pelo menos permitindo que chegássemos a Abrolhos. E o barquinho vai, o barquinho vem e um pouco depois das onze já não se via mais a costa. Passávamos pelo Parcel das Paredes, a barreira de corais tupiniquim.

Mais ou menos meio dia, nossa primeira baleia! Um espirro forte a cerca de um quilômetro do barco a denunciava. Não dava prá ver muita coisa, mas era nossa primeira baleia, ora essa! Todo mundo de câmera na mão e o bichinho se afastou borrifando água pro alto. Vinte minutos depois, a vara de pesca que o Maurício deixara no corrico se verga e depois de certa briga, uma cavala de seus vinte quilos é colocada a bordo, limpa e devidamente guardada para apreciarmos sua carne dia destes.

Volta e meia apareciam baleias ao longe, mas era uma da tarde e uma jubarte resolve dar o ar da graça e fica lá, plantando bananeira em pleno oceano, deixando a gente se aproximar (cinquenta metros no mínimo, disse o Ibama) e tirar muitas fotos. A gente enjoou de tirar fotos e deixamos a baleia exibicionista lá, enquanto retomávamos o curso de Abrolhos, que já aparecia no horizonte.

Chegamos um pouquinho depois das três e o mar continuava batendo. Queríamos de qualquer maneira mergulhar e depois de um cachorro quente, nosso batismo foi na Costela da Siriba. Visibilidade não muito boa e profundidade de no máximo de sete metros, fizemos o reconhecimento da ilha sob as águas. Roupa de neoprene curta estava fora de cogitação e a água estava bem mais fria que esperávamos, cerca de 24 graus, mas não passávamos frio. Muitos peixes e quarenta e cinco minutos depois, voltávamos ao barco.

Rumamos para a ilha de Santa Bárbara, controlada pela Marinha e fundeamos junto com outros barcos, para passar a noite. Eu decididamente não queria mergulhar aquela noite, mas o pessoal estava louquinho. Fiquei no barco junto com a tripulação e a Camila, que com seus onze anos não podia fazer mergulho noturno. Tomei meu primeiro e único banho com sabonete e shampoo. Mesmo assim, banho frio, já que banho quente é luxo de paulista.

O pessoal demorou cerca de uma hora e voltaram dizendo ter visto moréias nadando fora da toca e o escambau. Todo mundo satisfeito e era hora da janta, que o Marquinhos serviu prá gente uma torta de frango deliciosa, mais deliciosa ainda devido à fome que estávamos. Nove horas da noite e todo mundo na cama, extenuado pelo longo dia que passáramos.

 

Terça, dia 09

Sem previsão de melhora, o tempo amanheceu ventando. Durante a noite, o barquinho balançara prá valer e antes das seis, todo mundo desperto para novas experiências. Café tomado e ficamos a ver uma tartaruga que exibia ao lado de nosso barco, numa displicência que só as tartarugas têm.

Antes do nosso primeiro mergulho, desembarcamos na ilha Siriba onde a Andreza, uma bióloga do Ibama nos mostrou a fauna da ilha, composta de milhares de atobás, grazinas e beneditos. Os bichos faziam um barulho tremendo quando chegávamos perto, mas deixavam a gente tirar foto numa boa. A Andreza explicou sobre o modo de vida daquelas aves e das baleias. Explicou também sobre as fragatas, aves que viviam na Redonda, a ilha ao lado, com seus papos vermelhos.

O Juninho apressou a gente e voltamos ao Sanuk para nosso primeiro mergulho do dia. O Timpa foi o responsável pelo show, tomando um tombo na descida à ilha. Sorte dele que a suas câmera estava na mochila do Carlos e escapara de um banho mortal.

Fomos aos chapeirões de Sueste, local de nosso mergulho. Chapeirões são formações de coral que parecem com um cogumelo gigante e sobem quase até à superfície. Chegando a quinze metros de profundidade, mergulhamos em meio a uma visibilidade bem melhor, passando de dez metros. Um badejo que parece que feito de encomenda, nos acompanhava e se exibia perante nossos olhos e câmeras, com aquela cara de bravo que todo badejo tem. Lagostas entocadas e muitos, muitos frades, sargos e budiões completavam a paisagem. O mar, que na superfície estava agitado, a dois metros de profundidade já ficava bem calminho... Durou cinquenta minutos aquele mergulho e foi um show. Com direito a corais...

Voltamos a bordo e o clima continuava ruim. Almoçamos guisado de peixe com pirão e esperamos o mergulho da tarde. O mar não ajudava e o Juninho resolveu mergulhar no costado da Santa Bárbara, num lugar chamado Mato Verde.

Cheio de vida, o mergulho só pecou por ser muito raso. Fora isto, foi uma diversão só. Tinha de tudo, cardume de guaricema, xaréus com olhar invocado, uma serpente marinha louca prá se ver livre da gente e uma arraia que a Camila, tal qual um torpedinho, saiu desembestada atrás. A gente ria tal o pânico da arraia e a Camila, ao ver perdida a corrida para a arraia, correu rapidinho prá perto da gente. Cinquenta e dois minutos de mergulho e voltamos para o barco.

Ali mesmo seria o local do mergulho noturno. Então, depois de trocar os cilindros de ar, ficamos só sentados, esperando a hora de mergulhar de novo. Depois de escurecer, o clima entre nós já era de velhos amigos. Todos sentados, jogando conversa fora sem preocupação nenhuma. A guerra rolava solta no outro lado do mundo e a gente ali, só curtindo a luz do farol que rasgava o céu. É interessante ver como a gente sabe aproveitar sem perceber momentos tão gostosos!

Sete horas da noite, o tempo piorando e todo mundo prá água. Lanternas, nanoflashes, sealumens e outras luminosidades faziam-nos parecer árvores de natal. Quando pulamos ali, o barômetro já anunciava que o tempo pioraria.

Apesar da diversão do mergulho noturno, de algumas nadadeiradas na cabeça, a vida parecia ter sumido dali. Nada comparado com o que víramos menos de três horas antes, no mesmo lugar. A maior parte dos peixes se escondia nas tocas e faziam cara de quem não gostava nem um pouco quando a gente encandeava-os com nossas lanternas. Fuçáva-mos em todas as toquinhas e nada de muita vida. Com profundidade máxima de nove metros, depois de quarenta e cinco minutos voltamos à tona. E longe, bem longe do barco!

O tempo virara e as ondas estavam bem maiores.  A gente via o barco com as luzes externas apagadas na direção do farol e tinha bem uns cinquentas metros contra vento e ondas prá gente vencer. Depois de muito custo, chegamos ao barco e um mini-rodeio armou-se para cada um que queria subir a bordo. Joga o lastro, as lanternas e se agarra na escada, que o Sanuk estava agitado. Todos a bordo, hora de jantar: fusilli com camarão. Estava delicioso, mas alguns nem comeram muito de tanto balançar lá fora. E nove da noite, todo mundo dormindo. Ao estilo Abrolhos: dorme cedo, acorda cedo. Dormimos ali mesmo no costado de fora da Santa Bárbara. Junto a nós, outro catamarã, o Horizonte Aberto, também se balançava nas ondas levantadas pelo vento.

 

Quarta, dia 10

Nada de melhora no tempo! A pressão caindo indicava que mais tempo ruim estava com reserva prá Abrolhos. Sem a mínima chance de fazer os mergulhos mais longe, como o Rosalina e os chapeirões do parcel, depois de muita preguiça, tentamos mergulhar no costado de dentro da Redonda, mas as fragatas que habitavam a ilha se divertiam com o Sanuk que era arrastado pela corrente, mesmo com a âncora no fundo. Ali ia ser difícil mergulhar... Como a âncora travara numa pedra, o Kiko mergulhou e retirou na unha a danada. Voltou moído de tanta pernada, e fomos mergulhar no Canal da Barracuda, entre as ilhas Redonda e Santa Bárbara.

Lá era outro lugar barra pesada. Por ser entre duas ilhas, havia forte corrente e a ida no mergulho, que foi bem raso, não chegando a sete metros, era um bater de pernas só. A visibilidade não muito boa e a falta de vida mais exuberante condenava-nos a nadar e nadar. Apesar disso, ainda deu para a família scuba, Edmílson, Teresa e Camila,  posar para uma foto sub...

A volta foi diferente: a mesma corrente que nos atrapalhara na ida, agora nos impulsionava, e a gente nem prcisava bater as pernas, era só controlar com movimentos de mão, como barbatanas de uma peixe e rumar rapidamente de volta. O duro era quando queríamos fotografar um peixe e passávamos tão rápido por ele que não conseguíamos o melhor enquadramento...

Cinquenta e cinco minutos depois de descermos, voltávamos ao barco, com só um restinho de ar no cilindro. Provavelmente, foi o pior mergulho de todos, mas pelo menos foi divertido o nosso “drift” pela corrente!

Almoçamos carne de panela e começava a chover. O vento, o barulho do compressor enchendo os cilindros de mergulho e ainda o gerador ligado para recarregar as baterias das câmeras faziam uma poluição sonora que, depois do almoço, mandava a gente dormir prá evitar tudo aquilo. E foi o que todo mundo fez. Todo mundo dormindo ou tentando dormir.

Três horas da tarde e o tempo piorando. Resolvemos não mergulhar à tarde e fazer apenas o mergulho noturno, na Costela da Siriba. Assim que enchesse a leva de garrafas, rumaríamos para lá e esperaríamos a noite chegar.

Chegando perto da Siriba, alguns resolveram praticar snorkeling e pularam na água. Depois de um tempo corre jogar o barco na água, que a corrente tava tão forte que não dava prá voltar nadando. O pessoal começou a desistir do mergulho noturno. Primeiro um, depois outro, até a chuva aumentar ainda mais e o Juninho avisar que o mergulho estava abortado.

Estar a setenta quilômetros da costa num barquinho é estar à mercê da natureza. Não adianta lutar, não adianta reclamar, deve-se tentar aproveitar ao máximo o que for possível aproveitar, porque quem manda aqui é ela. E quando Gaia não quer, não vai ser um bando de malucos que vai achar o contrário...

Voltamos nossa atenção para a janta: camarão na moranga! O Marquinhos ganhou nota dez com louvor de todo mundo. Comemos, repetimos e, já acostumados com o balanço do barco e abrigados das ondas maiores, enchemos o bucho até não caber mais e ainda sobrou comida pro dia seguinte. Lemos, brincamos, tiramos fotos do barco, alguns jogaram carta e prá variar, nove e meia da noite quase todo mundo dormindo, com algumas exceções (como eu...) que ficaram escutando o Maurício falar de seu pai, que construía barcos como o Sanuk.

O Marcelo brincava que a semana baiana tem oito dias: domingo a sábado e amanhã. E era assim: amanhã o tempo melhora, amanhã a gente mergulha no Rosalina, amanhã vai aparecer bastante baleia... Que por sinal não deram o ar da graça nesta quarta feira de cinzas.

 

Quinta, dia 11

Por incrível que pareça, o amanhã chegou e o tempo já ameaçava melhorar. Madrugadinha e havia poucas nuvens no céu, prá um pouco depois aumentarem mas não muito. Cinco e meia e todo mundo em pé, esperando o café ficar pronto porque era hoje ou nunca que mergulharíamos no Rosalina! Enquanto isso, nos divertíamos com o cardume de trombetinhas que ficava a rondar nosso barco.

O Rosalina, um cargueiro panamenho de 96 metros, naufragou no Parcel de Abrolhos em 1939 ao se chocar nos recifes, mas encontra-se ainda em bom estado para um mergulho. Na posição de navegação, repousa com sua proa aparecendo entre as ondas e sua popa a vinte metros de profundidade. É decididamente, um dos melhores mergulhos em naufrágio do Brasil.

O problema era que o mar batia mesmo. O sol saíra mas as ondas ainda estavam alí. Depois de vinte minutos navegando, chegamos à proa do Rosalina, onde o Juninho pulou e amarrou o cabo para o Sanuk. O parcel de Abrolhos é traiçoeiro e se navegar por ali, siga o conselho de Americo Vespúcio: abra os olhos, ou em bom português, abr’olhos ó gajo!

O negócio era se equipar, pular na água e nadar até a corda. Nadávamos com o regulador e não o snorkel, porque as ondas nos encobriam e se não fosse assim fatalmente beberíamos àgua. Na ponta do Rosalina, o Juninho avisou: desinfla o colete e ruma rápido para o porão. Uma descida radical, com o ouvido reclamando equalização, a corrente forte nos levando prá longe do naufrágio e ainda a necessidade de quando no Rosalina, controlarmos perfeitamente nossa flutuabilidade a fim de não levantarmos a poeira fina que recobria o navio e poderia acabar com nossa visibilidade.

Gastei ar como um louco só para chegar ao porão do navio, onde a corrente já não era tão forte. Seguimos então a passear pelo se interior, às vezes passando por lugares mais escuros, onde as lanternas davam conta do recado. Nestes lugares, formam-se fluxos de água, que te arremessam prá frente, como num tobogã. Então, é mais adrenalina prá te fazer gastar mais ar. E ainda pode ser que você tope com um mero ou um badejo sarado que te dá um bom susto...

O timão do Rosalina é um show à parte. Duplo, precisava de quatro homens para manipulá-lo. Vai ver que tinha apenas três quando ele chegou perto demais do cabeço de coral... Em seus porões, repousam prá sempre os sacos de cimento, agora petrificados, parte de sua carga que nunca chegou ao destino.

Com o ar acabando depois de quarenta minutos, terminamos o passeio e começamos a volta ao barco, o que foi um peripécia à parte. Estou pensando em fazer parte da primeira festa do peão de boiadeiro sub depois desta indiarada... Ao chegar à tona, as ondas insistiam em jogar minha lanterna na minha cabeça e o barco a uns vinte metros parceia potro chucro. Quando chegou a minha vez de subir, nem o lastro tirei! Quando consegui agarrar a escada, que chegava a sair da água, tirei minhas nadadeiras e minha câmera e subi com tudo prá dentro do Sanuk.

Estava satisfeito. Já não precisava mais mergulhar! Tinha ido à Disneylândia e visto o Mickey. Decidi que não iria mergulhar mais hoje e fui guardando o material de merguhlo, enquanto o pessoal já trocava os cilindros para o último mergulho, nas grutas da Siriba.

Meia hora depois chegamos às grutas e o sol já ardia. Os peixes nos saudavam e até o Maurício pulou na água. A calma do momento serviu para eu gastar o resto de filme da máquina sub e secar melhor as roupas.

Almoçamos feijoada e onze horas da manhã iniciamos nossa volta ao continente. Uma baleia apenas apareceu, mas bem longe e era a última vez que as veríamos durante um bom tempo. Retorno tranquilo e quatro da tarde estávamos no mesmo cais de quatro dias atrás. Despedimo-nos da tripulação e fomos a pé para a pousada.

Um banho quase frio, os pés ainda não querendo acreditar que estavam em terra firme e estavamos novos. Combinamos de jantar às sete e nos dividimos entre o pessoal que queria comer um catado de caranguejo e o pessoal que não aguentava mais ver referências ao mar. Eu estava no segundo grupo, confesso. Agora o negócio era carne de boi!

E a nossa aventura tinha terminado, só restava o retorno no dia seguinte.

 

Sexta, dia 12

Por volta das duas da manhã eu acordei e o quarto inteiro balançava! Meu labirinto, ainda acostumado ao balanço das ondas, insistia que eu ainda estava no mar e fui com muito custo que eu expliquei prá ele que ali era terra firme. Parecia que tinham ancorado mal o quarto...

Acordamos cedo e tomamos café bem tomado. A nossa van já chegara e nos despedimos da família scuba, que tinha longas horas de estrada pela frente.

Chegamos rápido em Porto Seguro e o Carlos foi o primeiro a ir embora, voando para Ilhéus, onde iria aproveitar mais um pouco da Bahia. Viagem tranquila, chegamos em Sorô por volta das sete da noite.

Minha impressão final é: apesar da distância, apesar do tempo ruim que você pode pegar, apesar de todos os contratempos, dos custos de uma viagem assim, apesar da total dependência dos humores do tempo, Abrolhos é obrigatório para qualquer pessoa que goste de natureza e mais ainda para quem mergulha.