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- Caturro 2007 - 04 - Iperó
17 e 18 de agosto de 2007

Sexta, 17 de agosto
Depois de muito discutir, chegamos à conclusão: sairemos da fazenda do Carlão, uns dez quilômetros do ponto onde terminamos a última etapa. Assim daria prá fazer todo o trecho até o Condomínio Solaris eu um só dia. Prá isto, fomos na sexta à noite para a tal fazenda, que acabou virando sede dos caturros, de tanto que a gente gostou do lugar.
Sábado, 18 de agosto
Quem foi? Em barcos de alumínio: Zico, Barroso, Monserrat, Lídia, Armando, Sílvia, Túlio e Wendell. Em canoas: Dimaroh e Gugo, Marcelo e Fáuzia e o Paulo Kuntz, em sua canoa feita por ele mesmo. Em caiaques: Dito Benzão, Alcir, os irmãos Almenara, Cobra e Sabiá, sendo que o Sabiá estava estreando seu caiaque, Carlão, Bira, Giovana e Fábio, os quatro da Subaquática, o Didico e o Huayras. Em ducks: Eu (Eduardo) e minha mãe Eloiza e o Ricardo Padovan com o incrível Estopa!
Depois de um churrascão na sexta, acordamos cedo no sábado e levamos os barcos prá beira do rio, que já estava com saudade da gente...
Eram nove da manhã quando começamos a descida. Dia bonito, sem a mínima intenção de chover, temperatura agradável, com um friozinho que não duraria muito e muita disposição de todo mundo, prá aguentar a longa descida.
Neste trecho tem muita galhada no rio e a remada não rende tanto. O tempo inteiro a gente precisa tomar cuidado com toco, com galho, com árvore caída e o ritmo diminui bastante. Mas não tem problema nenhum, é uma coisa gostosa demais remar. A cidade ficou prá trás e agora era a gente e a natureza.
Após uma parada ( a terceira ) do pessoal, eu e Dona Eloiza resolvemos seguir em frente, mesmo porque um duck vai bem mais lento do que um caiaque ou uma canoa. De repente, sozinhos, a fauna do rio se aproximou.
Minha mãe, que nunca tinha remado num rio antes, se deleitava... As garças faziam a mesma brincadeira de sempre, de esperar a gente até uns dez metros de distância, quando alçavam vôo e paravam cinqüenta metros rio abaixo, prá esperar a gente se aproximar e recomeçar a brincadeira. Os biguás não deixavam a gente se aproximar tanto, mas saíam naquela corrida engraçada por sobre a água, por uns cinco a dez metros antes de voar.
Afora isto, cágados que mergulhavam, marrecos, martins, socós, uns passarinhos preto e branco que não sei o nome. Uma vida bonita que só quem entrou no rio conhece.
A única preocupação era chegar no bairro Corumbá antes das duas da tarde, porque se chegasse mais tarde, a remada terminava ali, pois não teríamos tempo para chegar com luz no condomínio Solaris.
Uma e quinze da tarde e Corumbá surgia depois da curva, 22,9 quilômetros rio abaixo do ponto de saída. Diferente do ano passado, hoje passávamos por lá com dia claro e sol alto, em vez de uma escuridão gelada. Também diferente do ano passado, não dormiríamos ali, só pararíamos um pouquinho. Encostamos e esperamos o pessoal chegar, primeiro o barco do Barroso, depois o resto do pessoal.
Almoçamos ( só a gente, porque o pessoal já tinha almoçado ) e às duas da tarde, zarpamos novamente com esperança de fechar a remada com dia claro. A Lídia, já satisfeita com a descida, pegou uma carona ali mesmo e voltou prá Sorocaba.
O rio continuava o mesmo, com galhadas e tocos à flor d'água. Prosseguíamos, agora mais próximos, devido a um incidente com o Didico. A Giovana tomou o lugar da Lídia no barco do Barroso e o Túlio e o Zico foram para os caiaques. O Zico roubou o caiaque do irmão caçula, o Márcio Cobra e resolveu remar.
O Carlão, que adora uma malcriação, após uma "orelha" do rio, onde você vê onde a orelha termina, mas tem que percorrer todo o caminho, tinha terminado de passar e viu o Zico iniciando a volta. "Zico, passa por aqui que eu já passei.". O Zico acreditou e lá foi Zico conhecer mais de perto o rio Sorocaba. Com aquele sorriso amarelo que todo mundo tem depois de um caldo, xingou o Carlão, que ria até doer a barriga...
Quando faltavam algumas curvas para terminar, uma árvore que caíra há pouco tempo, resolveu aprontar das suas. Como não impedia a água de passar, somente os barcos, era preciso uma guinada para a direita seguida de outra forte para a esquerda, como uma chincane no rio. Passou um, passou dois, passou três e ficou por aí.
O almirante não conseguiu fazer a curva e parou na árvore. O Zico veio atrás e quase foi prá baixo do barco. A canoa do Dimaroh e do Gugo virou e só vimos o Gugo chegar boiando no condomínio Solaris. O Dito Benzão tentou ajudar, mas estava descalço e quebrou, ou só luxou, três dedos do pé. O clima ferveu, um monte de gente nervosa, mas ninguém em real perigo. Todo mundo ajudando todo mundo e a última canoa deixou o rio já no escuro.
Juntamos os cacos, depois de 40,1 Km de rio, todos cansados demais e arrumamos os barcos no caminhão, entramos todos no caminhão da Icatu e voltamos para a fazenda do Carlão, para pegar nossos carros e ir para casa, para um justo descanso.
Lições aprendidas: remar mais de 30 Km por dia judia demais, bebida alcoólica ( com a honrosa exceção de uma cervejinha aqui e ali ) não combina com rio e o colete salva-vidas faz jus ao nome.
Agora, hora de pensar na próxima, em outubro e cada vez melhorar mais na diversão e na segurança. Caturro é assim mesmo, gosta mesmo é de botar o remo n'água.