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- Caturro 2007 - 03 - Cidade de Sorocaba
02 e 05 de junho de 2007

Sábado, 02 de junho
Começou a chover de madrugada. Amanheceu chovendo. Mesmo assim, o bando de caturros estava às margens do Sorocaba, confabulando sobre ir ou não ir.
Decidimos postergar. A chuva prometia cair o dia inteiro e apenas uns bravos ( e completamente loucos ) caturros resolveram descer até uma parte.
Muita chuva, alguns entreveros e o Gugo foi o primeiro dentre os caturros a completar a totalidade do rio, sob a rua XV de Novembro. Parabéns, Gugo!
Quinta, 07 de junho
De hoje não passaria! O dia amanheceu maravilhoso e gelado. Nem sinal de ameaça de chuva. Na Cachoeira dos Guimarães, os caturros Eduardo, Monserrat, Barroso, Zico, Dito, Sabiá, Cobra, Dimaroh, Beto, Alcir, Callipo, Armando, Sílvia, Geraldo, Marisa, Matieli e Zé Garcia e os convidados Marcão, Elzo, Moura e a família Adauto, Ana e Bruna se preparavam para descer.
O Moura trouxe uma maravilha náutica que não gostou do motor de 15HP que o Callipo trouxe que, na primeira parte rasa do rio, arrancou a traseira do barco. Primeira baixa, o barquinho de alumínio seguiu rebocado rio abaixo. As outras peripécias do barquinho serão narradas em momento apropriado...
Descendo o rio, rapidinho chegamos ao centro de Sorocaba e mais dois caturros completaram o rio: o Beto e o Alcir. Um hip, hip, hurra para os dois!
É um barato ver a reação das pessoas ao perceber os caturros descendo o rio. Para muitos, é totalmente insólito e completamente inconcebível que haja um bando de loucos que navegue naquele rio. Algumas acenam, outras não se contém e perguntam quem somos, outras só ficam acompanhando com os olhos até a gente sumir na próxima curva do rio. Este propósito a gente conseguiu, o de mostrar que o rio pode dar mais do que simplesmente dor de cabeça na época de enchentes.
Paramos na altura da casa do Zico para deixar o motor sem utilidade e o Geraldo, não satisfeito com a distância que estava do rio, virou o caiaque e foi conhecer a água mais de perto. Todo molhado, começou a cuspir a água que tivesse entrado em sua boca, desesperado para não pegar nenhuma doença. Acho que ficou só no susto. Susto prá ele!! Nós ficamos é na gargalhada!!
Saindo de Sorocaba, com o rio bem poluído, mesmo com a estação de tratamento já funcionando, a gente logo começa a ver a vida voltando. Muitas aves, como garças, biguás, marrecos, quero-queros, além de alguns cágados curiosos e muito de vez em quando, capivaras se jogando no rio ao perceber nossa aproximação.
A situação do rio piora perto das aglomerações urbanas, como o Parque Vitória Régia, o Parque Itavuvu e ainda o Parque São Bento. O esgoto cai direto no rio, sem tratamento nenhum. É lamentável e um dano enorme para o rio. Pior prá gente, que tinha que se desviar de objetos, digamos, desagradáveis. O problema é que mesmo com a ação da prefeitura, há muito esgoto clandestino e este é bem mais difícil de combater.
Outra coisa que voltamos a notar é o lixo que não é jogado diretamente no rio, mas que é levado por enxurrada ou ainda quando o rio sobe e fica todo preso nos galhos das árvores. O que tem de garrafas PET ali dava prá fazer três barcos do modelo que o Márcio "Cobra" Almenara quer fazer e o que havia de bolas dava para o campeonato brasileiro inteiro!!
Passamos pelo Vitória Régia e o tronco que tanto atrapalhara os caturros no ano passado estava todo cortado e passamos sem nenhum problema.
Na ponte do Itavuvu, foi a vez minha, Eduardo, da Mon, do Zico e do Barroso comemorarem o rio completo. Paramos um pouco ali para descansar e rumar para o último trecho.
Neste ponto, a Mon, incomodada com a poluição do rio, resolveu correr para o barquinho de alumínio do Moura ( sim, aquela maravilha náutica ) e o Geraldo passou a ser meu parceiro de duck. Como motorização mais potente, o patinho desceu mais rápido o rio e logo, logo, estávamos junto dos caiaques.
Totalmente relaxados, apreciando a paisagem, eu, o Geraldo, o dito, o Beto, o Sabiá, o Marcão e o Cobra brincamos até de "Vaca Amarela" ( o Sabiá queria Lingua do Pê... ) para tentarmos ver mais da fauna que só o Dito, sempre na ponta, via. Tentativa fracassada, passamos a provocar uns aos outros...
Percebendo que o final estava próximo, resolvemos parar e esperar o resto do pessoal que tinha ficado bem prá trás. Meia hora depois e nada dos caturros chegarem... Como a Marisa, esposa do Geraldo, estava com celular, liguei prá ela e ela disse que estavam chegando. Perguntei o motivo e ela desconversou...
Pouco depois, passa a canoa com o Dimaroh e o Matieli, que tinham entalado num tronco caído, os demais caiaques e a Mon no barco do Barroso com cara fechada. O que aconteceu foi que o barquinho do Moura, que estava sendo rebocado de ré ( com a popa para a frente ), tendo a bordo o Adauto e a Mon ( que não queria se molhar ), começou a afundar e continuou a afundar! Quando os dois perceberam, meio barco já estava dentro da água e num resgate tragicômico, minha espanhola foi resgatada, junto com o Adauto e a nossa câmera digital totalmente encharcada!
A cara de nenhum amigo dela era por conta da câmera. Depois conseguimos limpar e ela já está funcionando hoje, mas foi um baita de um stress na hora!!
Cinco horas da tarde, após quase 40 Km de rio, chegávamos na ponte do Parque São Bento. Ali mesmo, o Beto deixou de ser virgem de virada e, na saída, virou o caiaque deixando um bando de caturros enciumados satisfeitos! Agora, rio, somente em agosto! Parabéns a todos que completaram o rio e que podem contar aos netinhos que um dia remaram por toda a extensão deste rio maravilhoso que é o rio da minha terra. Torcemos para que nossos netinhos e, quem sabe, nossos filhos, não se espantem tanto e eles mesmos já tenham percorrido várias vezes o mesmo rio, num futuro mais limpo. Estes são nossos votos, de todos os caturros...
Ficam desta etapa algumas lições. Barco de alumínio é para apoio e deve ter espaço para eventuais náufragos. Nunca deve ser o próprio náufrago... Com a natureza não se brinca, e para navegar debaixo de tempestade é necessário muito sangue frio e sempre esperar o inesperado.
O bom é que a gente sempre aprende e cada vez fica melhor. Até a próxima, em agosto, descendo para Iperó e Boituva!