Caturro 2006 - 05 - Cerquilho a Laranjal Paulista

02 e 03 de dezembro de 2006

Sábado, dia 02

O combinado era às seis da matina, mas acabamos saindo mesmo prá lá de sete e meia, em nossos próprios carros, cheios de barcos e caturros, rumo a Cerquilho, para a última etapa da descida do rio. Era por volta das dez da manhã quando chegamos no Alambique do Cridão.

Estávamos lá, eu (eduardo), Monserrat, Dimaroh, Beto Caiuby, Alcir e Célia, Armando e Sílvia, Matielli, Zé Garcia, Zico, Dito, Barroso, Gugo, Guilherme, Sirlene, Paulo Sgroi e um argentino chamado Hayras. Em terra, nos apoiando estava o casal Geraldo (Gualdo) e a Marisa.

Já estavam lá o pessoal da Icatu, o prefeito de Cerquilho e uma galerinha muito legal do clube de canoagem de Cerquilho. Toca levar todos os barcos prá beira do rio e aguardar um pouquinho para o prefeito dizer algumas considerações, entregar a carta e desejar boa viagem.

Antes da saída, uma coisa muito importante! A gente soltou no rio muitos alevinos de pacu, numa festa toda! Tomara que eles vinguem, porque vai ser muito bom pescar neste riozão gostoso...

Começamos a descer às 11:15, e tínhamos escolta! A criançada da escola de canoagem, muitos deles pela primeira vez no rio Sorocaba (eles treinam em uma lagoa) estavam à toda. Subiam e desciam o rio, jogavam água uns nos outros, saíam do caiaque para nadar e desciam o rio pendurados no dito cujo! Um show e uma companhia preciosa!

A descida correu bem tranqüila, com a garotada bagunçando, mas com bem menos fauna que na etapa anterior. Era fácil perceber que quanto menor a ocorrência e volume de mata ciliar, menos bicho a gente vê.

   

De repente a Célia foi premiada! Um lambari pulou dentro do caiaque dela! Depois de alguns gritos e tentativas de fotografá-lo, o bichinho voltou assustado para o rio... Outros também tiveram a grata surpresa...

Após 21 km, chegamos no ponto final da descida do rio. O trecho seguinte seria muito complicado para a navegação e começariamos no domingo um pouco mais abaixo...

Como tínhamos tempo, fomos conhecer a estação de tratamento de água de Cerquilho, que bebe a água do ... rio Sorocaba!! É tãããão estranho beber a água em que você remou... Estranho, mas gratificante!

Fomos visitar o local do rio onde, em meados de maio, se realiza campeonatos de canoagem. Ficamos tristes por não ter levado o nosso duck... Ele iria gostar... Mas o nosso barquinho não esperaria muito tempo! Um pouco mais abaixo, em época que o rio fica mais baixo do que estava no dia, o Sorocaba some! Prá baixo da terra! E vai surgir um pouco mais adiante, ainda meio arredio da viagem pelo escuro da terra... O dorminhoco do Mario nos encontrou lá, já que tinha perdido a hora de manhã... É um refil mesmo!!

Chegamos ao local de pernoite: pousada do Alvimar (??), já em Jumirim. Montamos as barracas, tomamos banho, papeamos um pouco e já era hora da janta. Janta com cantoria, com comida caseira e todo mundo feliz.... e com sono!

Bom, por hoje está bem.. Vamos dormir, caturrada!!

   

Domingo, dia 03

O domingo começou com um senhor café, bem reforçado, prá agüentar o dia que prometia ser duro! Desmontar as barracas e levar os barcos prá beira do rio...

Como algo deu errado, as mudas que estavam previstas para serem plantadas não chegaram e as que trouxemos ( cinco mulungus, da nossa chácara e um pau-ferro, doação da Flores Edna ) ficaram a ver navios (ou botes!). O Wendell prometeu que elas serão bem tratadas... A gente acreditou, mas volta lá prá conferir!

Com o prefeito de Jumirim recebendo as cartas endereçadas a ele e o Wendell mostrando o kit de análise de água que as crianças da região utilizam para medir a qualidade da água do rio, acabamos saindo às nove e meia da manhã e não percebemos o que nos aguardava logo nos primeiros metros!

De cara, uma cachoeira pequena que fez sua primeira vítima, a Sílvia, que resolveu conhecer o rio mais de perto e saiu encharcada! Nenhum machucado, só muitas risadas! O resto dos caiaques ficou agarrado na pouca profundidade do rio ali e só a gente, com nosso duck (caiaque inflável, que é "pato" em inglês), que passamos tranqüilhos.

Como o rio estava correndo muito, só fomos parar bem abaixo e tivemos que esperar os barcos de alumínio e os demais caiaques. Só ali já foi mais de quarente minutos e alguns momentos de stress. Tudo resolvido, tudo acalmado, combinamos o resto da descida e, rio abaixo!

Enfim, chegamos a um estreitamento do rio, onde a água corria brava! Paramos todos e aguardamos a portagem (quando todo mundo sai do barco e leva ele com muito cuidado, às vezes até por terra, porque ali não dá prá navegar..) para só depois passar os caiaques.

Esta era a hora do pato louco. Nosso caiaque inflável é feito exatamente para este tipo de água, chamado de "água branca". Aguardávamos ansiosamente por isto e por hipótese nenhuma evitaríamos a corredeira... Olhamos de terra o rio, decidimos onde passaríamos e fomos iniciar a diversão.

O patinho, depois de passar pelo V que a água do rio forma, se transforma na versão Pato Louco! Torce, retorce, pula, refuga, mas não vira! Cinqüenta metros abaixo, ríamos feito loucos e aguardávamos os caiaques, que não tardariam.

O primeiro foi o Matielli, que estava indo bem, até que resolveu que o pior tinha passado. Resultado: virou o caiaque e perdeu o chapéu! Depois a Sílvia, que ganhou o troféu Rebolado na Corredeira, criado no momento que a gente, da margem, se divertia às custas do sufoco dela em não virar. Não virou!

Na seqüência, o Armando (virou!), o Huayras (virou e perdeu os óculos!), o Didico (virou!), o Dimaroh e o Paulo na canoa (técnica nova, engraçadíssima, mas não viraram), o Alcir (não virou...) e por último o Beto (não virou...).

   

Uma hora depois, continuamos a descida, agora com um estreante no caiaque, o Dito Benzão! O Dito, que pegou a corredeira seguinte, ficou gritando prá todo mundo ouvir "Gente!! Nasci prá isto!!!", todo feliz! E toca remar e esperar o alumínio do Guilherme, Gugo, Mário e Sirlene, que erraram o lado do rio que passariam e encalharam o barco!

Então, o rio começou a correr menos, menos e menos. Às vezes, parecia que corria ao contrário!! A remada foi ficando pesada e, com a proximidade do Tietê, precisamos ser rebocados pelos barcos a motor, para chegar com dia claro. Que graça teria chegar de noite na foz???

Quem ajudou bastante foi o Horácio, que morava por ali e era o piloto da Icatu. Tirando o boxer (é!! eles tinham um cachorro no barco!!) que queria subir no nosso duck e as marolas que ele levantava, quase virando os caiaques, ajudaram bastante.

Enfim, a foz! Na nossa frente, um rio maior e mais rápido estava ali, ditando que dali prá frente, o Sorocaba deixava de ser Sorocaba e passava a ser Tietê. Paramos no finzinho do nosso rio e refletimos no que tínhamos feito. Era hora de adentrar no Tietê!

E como foi chocante!!! O Sorocaba, até ali limpo, encontrava-se com um esgoto, literalmente, a céu aberto! Para quem há cinco quilômetros Sorocaba acima, via tartarugas (cágados), aves e peixes pulando, sentia nojo de remar ali. Precisávamos sair de lá urgente!!!

Sorte que o fim estava duzentos metros abaixo. Após trinta e sete quilômetros de descida de rio no domingo, tiramos os barcos da água e comemoramos! Vitória!!! Viva os Caturros!!! O objetivo da expedição foi alcançado!!!

Cansados e sujos, entregamos as cartas ao prefeito de Laranjal Paulista e, após uma prece entre os caturros, agradecendo a Deus por nos preservar durante a viagem e por deixar o tempo maravilhoso durante o fim de semana (choveu muito antes e choveu muito depois ), comemoramos com o já tradicional "Bate-Remo Caturro"!

Era hora de relaxar, comer o churrasco preparado para a gente (delicioso, por sinal) e voltamos para o Cridão, pegar nossos carros e voltar prá casa. Missão cumprida.

Esta aventura rendeu mais do que um maior conhecimento do rio da nossa terra. Rendeu amigos. E poucas coisas são mais importantes do que bons amigos. Lembramo-nos dos que não puderam estar nesta etapa, por razões diversas, e imaginamos o que fazer com esta experiência tão preciosa que a gente viveu.

Parabéns, Caturros!